Israel e Chipre, favoritos à vitória, passam à final

Dos 19 países que estavam a concurso na primeira meia-final de Lisboa, dez já passaram à final da 63.ª edição do concurso europeu.

Fotogaleria

A primeira edição do concurso da canção europeia que se realiza em Portugal arrancou esta terça-feira, com a primeira semifinal do festival. Ficaram apurados Áustria, Estónia, Chipre, Lituânia, Israel, República Checa, Bulgária, Albânia, Finlândia e Irlanda. Vão concorrer com Portugal, Reino Unido, Espanha, Itália, Alemanha e França. E outros dez participantes que serão apurados na quinta-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A primeira edição do concurso da canção europeia que se realiza em Portugal arrancou esta terça-feira, com a primeira semifinal do festival. Ficaram apurados Áustria, Estónia, Chipre, Lituânia, Israel, República Checa, Bulgária, Albânia, Finlândia e Irlanda. Vão concorrer com Portugal, Reino Unido, Espanha, Itália, Alemanha e França. E outros dez participantes que serão apurados na quinta-feira.

De manhã já havia inúmeras pessoas a trabalhar. Dentro e fora do Altice Arena, todo um dispositivo de apertada segurança montado, com pessoas a andarem de um lado para o outro, com jornalistas a mostrarem credenciais para entrarem em diferentes zonas a serem revistados mais do que uma vez no recinto.

Do lado de fora, geradores num barulho incessante. No interior do Arena, os corredores dos bastidores estão movimentados, sejam visitas guiadas para jornalistas ou super-fãs que pagaram quase 300 euros para chegarem ao golden circle e ver o espectáculo em cima do palco, ou pessoas a carregar material de um lado para o outro. 

Mesmo no palco, pirotecnia e outros efeitos especiais foram testados, com pormenores a serem ultimados. Numa esquina, um pequeno restaurante com preços parecidos com os de rua. Ali ao lado, a Sala Tejo, a que foi adicionada uma mezzanine para permitir que as delegações façam dela o seu quartel-general.

Com uma dessas delegações, a da Suécia, esteve a conviver Will Ferrell, o actor cómico que subiu à fama no elenco de Saturday Night Live, que é casado com uma esposa sueca, passando por essa razão uma parte do seu tempo nesse país. Já tinha estado na Eurovisão de 2014 e agora repete a dose, tendo posado para fotografias no Blue Carpet de domingo, dando a cara a assistir a um dos 95 ensaios marcados pela organização para preparar as canções – há uma sala de visionamento em que as equipas técnicas de cada país avaliam minuciosamente como é que cada actuação fica na televisão.

Foi neste sítio que, na noite de segunda-feira, se montou o espectáculo para os jurados, a primeira de três sessões semelhantes, com as mesmas actuações e a mesma apresentação – a cargo de Daniela Ruah, Catarina Furtado, Sílvia Alberto e Filomena Cautela –, que perfazem cada uma das etapas da Eurovisão: as duas semifinais e a final.

Foi aí que, poucas horas depois, a seguir ao almoço, decorreu a exibição para as famílias, com os 19 países em competição a desfilarem pelas canções escolhidas. É basicamente igual ao espectáculo que passou na televisão, só que com algumas diferenças. Tinha muito menos público e outras caras a fazerem as vezes dos cantores para falarem com Cautela no green room – um espaço que não é, como apontou a apresentadora, nem verde nem uma sala, mas sim uma área cheia de sofás brancos do lado oposto ao palco. E, além disso, também não teve intervalos, nem comentários em português.

Aos jornalistas, foi permitido ver tudo a partir da zona de imprensa, com mesas, cadeiras e postos de trabalho para 750 pessoas – algumas delas com bandeiras dos países de origem em cima da mesa, incluindo Portugal – e ecrãs grandes a transmitir em directo da arena – quando não há nada a passar-se lá, os televisores passam vídeos de promoção turística de Portugal. Isto após problemas técnicos que impossibilitaram o som durante os primeiros cinco minutos.

Há jornalistas que batem palmas depois de algumas actuações. Muitos aplaudiram depois de Mikolas Josef, o ex-modelo checo que caiu e se magoou nas costas durante o primeiro dia de ensaios a tentar fazer um salto mortal. O salto que conseguiu tanto no espectáculo da tarde quanto no da noite foi bem mais modesto.

O quinto concorrente do alinhamento foi apresentado num vídeo em Trás-os-Montes, em que acabava vestido de Careto de Podence. A seguir, entrou em palco com uma confiança tremenda, a cantar enquanto se mexia em palco acompanhado por dois dançarinos vestidos com ar de rap do início dos anos 1990 – Lie to Me, o tema interpretado, composto pelo próprio – o que não é comum –, olha mais para trás do que isso.

Já tinha prometido que ia tentar o mortal na final, e agora que ficou apurado terá mesmo de o fazer, já que foi ele que conseguiu que a República Checa, que nunca ganhou uma edição deste concurso desde que participou pela primeira vez em 2007, chegue pela segunda vez à final.

Desfiladas as canções, foram passados dois sketches que ficaram de fora da emissão televisiva portuguesa. Passaram durante aquilo que na RTP1 foi um intervalo. O primeiro destes foi o início de Planet Portugal, escrito por Nuno e Ana Markl, que este ano foi jurada do Festival da Canção, e Luís Leal Miranda. A falsa série mostra Herman José a voltar à pele da imitação do BBC Vida Selvagem de David Attenborough que fazia em Herman Enciclopédia.

Desta feita, em vez de David Vaitenborough, a personagem chama-se David Attenburger, e desfila por Lisboa a explicar este país, os habitantes e os costumes aos turistas. Acabou por ser transmitido durante o especial do 5 Para a Meia-Noite de Filomena Cautela que passou a seguir à cerimónia.

Por falar em enciclopédia, o segundo sketchEsclopedia, de Pedro Penim, que também faz as conferências de imprensa do concurso e foi um dos apresentadores da Blue Carpet do último domingo, mostra uma enciclopédia viva da Eurovisão, com uma colecção de pormenores caricatos das escolhas de estilos de cantar, instrumentos, posições no palco e outros intérpretes de edições anteriores, bem como obsessões com rodas de hamsters.

No espectáculo televisionado propriamente dito, os finalistas foram revelados, festejados, um a um, efusivamente pelos jornalistas na zona de imprensa, impossibilitando completamente ouvir o que quer que fosse que as apresentadoras diziam: Áustria, Estónia, Chipre, Lituânia, Israel, República Checa, Bulgária, Albânia, Finlândia e Irlanda. De fora, ficaram Azerbaijão, Islândia, Bélgica, Bielorrússia, Macedónia, Croácia, Grécia, Arménia e Suíça.

O austríaco César Sampson voltou à Eurovisão com a sua Nobody But You, com toques de James Blake e gospel, a mesma competição a que já tinha ido como voz acompanhante dos intérpretes búlgaros de 2016 e 2017. O cantor também foi membro do colectivo Symphonix International, que produziu a canção búlgara, Bones, dos soturnos Equinox, que se apresentaram vestidos de preto e cantaram, depois dos gritos, que tudo era escuro. Também passaram.

A soprano de formação clássica Elina Nechayeva trouxe a canção operática La Forza, cantada em italiano e um vestido que mudava de cores. Eleni Foureira, que nasceu na Albânia e vive em Atenas, onde tem uma bem sucedida carreira a solo, aprendeu muito com a pop e o r&b norte-americano e apresentou-se em Lisboa em nome de Chipre, passando à fase final com Fuego, cantada quase toda em inglês, apesar do título em espanhol. E passou para o topo da tabela das apostas no site Eurovision World

A lituana Ieva Zasimauskaite cantou When we're Old, uma jura de amor até à idade adulta para o marido, e sagrou-se vencedora. Israel, representada por Netta, é a favorita para ganhar à partida. A cantora foi à conferência de imprensa final dos apurados nesta meia-final com um boneco de uma galinha, a fazer a ponte com o carcarejar que imita na sua dançável Toy

Eugent Bushpepa, o albanês com alcance vocal e tatuagens de Elvis, Jimi Hendrix e Jim Morrison, fez cornos com as mãos quando foi anunciado o seu apuramento. A música aponta mais para algo tipo Goo Goo Dolls e chega a sábado através de Mall e do blazer com brilhantes – que trocou por um casaco de cabedal na conferência de imprensa.

A finlandesa Saraa Alto andou à roda no palco numa estrutura elaboradíssima e isso ajudou a que a sua Monsters fosse apurada. Ryan O'Shaughnessy, o concorrente irlandês cujo tio Gary já tinha representado o país na Eurovisão em 2001, fez com que a sua Together, feita de pop/rock FM com guitarra acústica, passasse para sábado. O facto de o tema e a interpretação se referirem a uma relação entre duas pessoas do mesmo género foi salientado durante a conferência de imprensa, na qual se fizeram perguntas sobre a ligação entre o festival e o público queer.

Além das canções a concurso, ainda houve espaço para as apresentadoras falarem com os países que tinham direito de voto nesta semifinal: o vencedor de 2017 e dois dos cinco grandes da Eurovisão. Filomena Cautela interagiu, como fez com outros concorrentes, com a portuguesa Cláudia Pascoal, a pedir-lhe para tocar o tema de introdução da Eurovisão em ukulele enquanto Isaura estalava os dedos, de seguida, Catarina Furtado falou com o casal espanhol Amaia e Alfred, e Cautela fechou essa parte de piadas com trocadilhos sobre SuRie, do Reino Unido.