Três hospitais do Grande Porto têm 130 mil horas em dívida a enfermeiros, diz sindicato
"É emergente a contratação de enfermeiros com a iminência de fecharem camas", alertou hoje Fátima Monteiro, dirigente nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses denunciou nesta segunda-feira que há 130 mil horas de trabalho em dívida a estes profissionais nos hospitais de São João e Santo António (Porto), e Pedro Hispano (Matosinhos), alertando que é "emergente" contratar mais profissionais.
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O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses denunciou nesta segunda-feira que há 130 mil horas de trabalho em dívida a estes profissionais nos hospitais de São João e Santo António (Porto), e Pedro Hispano (Matosinhos), alertando que é "emergente" contratar mais profissionais.
"É emergente a contratação de enfermeiros com a iminência de fecharem camas", alertou hoje Fátima Monteiro, dirigente nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, referindo que as "horas em débito" aos enfermeiros vão "aumentar" ainda mais com a entrada do "período de férias" e com os profissionais com "contrato individual de trabalho a passarem de 40 para 35 horas semanais" a partir de 1 de Julho próximo.
Num comunicado do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) enviado à comunicação social, é denunciado que o "Centro Hospitalar do Porto (Santo António) deve 45 mil horas aos enfermeiros" e que para serem pagas no imediato, tal significaria "a necessidade de contratação de 321 enfermeiros".
A mesma fonte sindical avançou à Lusa que no Hospital de São João do Porto, por seu turno, estão por pagar "60 mil horas" e que no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, estão em débito "25 mil horas" aos enfermeiros, totalizando só nestas três unidades hospitalares do Grande Porto 130 mil horas de trabalho em dívida.
"A situação de pré-ruptura ganha contornos de caos quando a 01 de Julho os enfermeiros a contrato individual de trabalho passaram a 35 horas" semanais, em vez das 40, refere o comunicado.
No documento, o sindicato alerta ainda que caso não se promova "a necessária inversão na política de recursos humanos (...), nomeadamente no que diz respeito à admissão de enfermeiros (...), o SEP responsabilizará o Ministério da Saúde e o Governo pelo aprofundamento da degradação do Serviço Nacional de Saúde.
O SEP refere que "apesar de já ter pago 28 mil horas, o volume que ainda está em dívida é consequência da política de indeferimento do Ministério da Saúde aos sucessivos pedidos de contratação".
Contactado pela Lusa, o Conselho de Administração Unidade Local de Saúde de Matosinhos, onde se integra o Hospital Pedro Hispano, confirmou a existência de um "elevado número de horas em dívida aos enfermeiros", sem especificar quantas horas exactamente.
A Unidade Local de Saúde de Matosinhos "está a trabalhar com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) e com o Ministério da Saúde na resolução desta situação, o mais breve possível", lê-se numa mensagem de correio electrónico enviada à Lusa, acrescentando, todavia que "houve um crescimento de 75% no pagamento de horas extraordinárias aos profissionais".
A Lusa também tentou obter comentários do Centro Hospitalar do Porto, mas fonte da assessoria disse que não iriam "comentar a posição do sindicato.
A Lusa pediu também esclarecimentos aos hospitais de São João, mas tal não foi possível até ao momento.
Já do Ministério da Saúde (MS), fonte da assessoria referiu que a tutela "não reage a comunicados", nem a "declarações de organismos sindicais".