Macron, o reformador
Há muitos políticos ambiciosos a estudar a agenda e o estilo de Macron. Não só porque lhe gabam o sucesso, mas acima de tudo porque lhe cobiçam a substância.
Emmanuel Macron chegou há um ano, ainda não parou de reformar e com isso já divide a nação francesa. Ainda bem que o faz. É preciso recordar de onde vem Macron: o jovem presidente vem do anti-sistema, de fora do esquema dos partidos tradicionais que ainda hoje não conseguiram fazer a sua renovação. E vem, como diz o próprio, de um terreno que não é “de direita nem de esquerda”, para agitar a democracia.
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Emmanuel Macron chegou há um ano, ainda não parou de reformar e com isso já divide a nação francesa. Ainda bem que o faz. É preciso recordar de onde vem Macron: o jovem presidente vem do anti-sistema, de fora do esquema dos partidos tradicionais que ainda hoje não conseguiram fazer a sua renovação. E vem, como diz o próprio, de um terreno que não é “de direita nem de esquerda”, para agitar a democracia.
O que é mais interessante em Macron é como, vindo deste anti-sistema, conseguiu ocupar todo o sistema – deixando a oposição para os extremistas de um lado e do outro que se digladiam por atenção. E trouxe para o centro político os mais jovens, que continuam a apoiar fervorosamente o seu presidente.
França precisava de desmantelar um código de trabalho arcaico e isso foi feito. Precisava de reformar o ensino superior e a lei lá passou. Precisava de resolver uma lei de asilo e imigração e também o fez, calando pelo caminho os extremistas da Frente Nacional. Lançou uma política nacional de inovação que muitos comentadores nem sequer entendem. Precisava de assumir a bandeira da Europa com firmeza e só não se foi mais longe porque a parceira alemã se atrasou com problemas domésticos. Foram reformas boas ou más? Foram reformas, ainda é cedo para saber os seus efeitos. Fez aquilo para que foi eleito, o que é mais do que podem dizer muitos primeiros-ministros europeus.
Para os próximos meses, também já tem agenda conhecida: Precisa de rever o esquema de pensões, remodelando a segurança social, e de quebrar a força dos ferroviários. Não será coisa pouca para o segundo ano.
Há muitos políticos ambiciosos a estudar a agenda e o estilo de Macron. Não só porque lhe gabam o sucesso, mas acima de tudo porque lhe cobiçam a substância. E porque sabem que agora a bitola subiu, é preciso ter uma ideia nacional e europeia e também a coragem de a pôr em prática. A Europa agradece um presidente francês forte, que acredite nela. E os europeus, incluindo aqueles que são governados por forças populistas e demagógicas que odeiam o que a União representa, também agradecem.
P.S. – Amanhã decorre em Lisboa um debate sobre o futuro da democracia na era digital. É uma conversa importante e urgente, a que o PÚBLICO se associa com orgulho. Estarão presentes vários especialistas portugueses e europeus para discutir temas como a democracia participativa, as notícias falsas e a inteligência artificial, num evento que será encerrado pelo Presidente da República.