Partido Democrático desiste do Cinco Estrelas e Presidente faz contas segunda-feira

Mattarella receberá os partidos no início da próxima semana para saber a sua posição final sobre a formação de um governo.

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Matteo Renzi continua a ter direito de veto no PD Ciro De Luca/REUTERS

Horas antes da reunião da direcção nacional do Partido Democrático (PD), o “regente” Maurizio Martina anunciou: “O capítulo M5S está encerrado.” Afastava, assim, a possibilidade de uma aliança com o Movimento 5 Estrelas (M5S), que era o pretexto da reunião de ontem e que ameaçava provocar a ruptura do partido.

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Horas antes da reunião da direcção nacional do Partido Democrático (PD), o “regente” Maurizio Martina anunciou: “O capítulo M5S está encerrado.” Afastava, assim, a possibilidade de uma aliança com o Movimento 5 Estrelas (M5S), que era o pretexto da reunião de ontem e que ameaçava provocar a ruptura do partido.

Um acordo com o M5S tem a oposição do ex-secretário nacional, Matteo Renzi, que goza do apoio da maioria dos dirigentes e dos parlamentares. A declaração de Martina visava baixar o dramatismo da situação. Mas a questão do M5S encobre um problema maior: quem manda no PD?

Um grupo importante de dirigentes, entres eles os ministros Andrea Orlando e Dario Franceschini, não davam a questão por encerrada. Segundo os renzianos, a relação de forças seria de 125 contra 80, a favor das teses do ex-líder. Segundo os opositores, seria apenas de 112 contra 96 e estaria a decrescer.

Na abertura da reunião, Martina apelou: “Peço a confiança, basta de ódio e ataques ferozes.” Explicou que o tema do debate era se haveria um diálogo com o M5S e não “uma aliança ou uma votação sobre Di Maio.” “Não vamos discutir isso porque os factos dos últimos dias mudaram as coisas. É um capítulo encerrado.” Estava prevista uma votação para esta noite.

A principal justificação do “regente” é não dividir o partido, quando sobe o risco de eleições antecipadas. “Enquanto discutíamos [o M5S] na verdade discutíamos sobre nós mesmos. Sobre o modo de não sermos reduzidos à irrelevância. Era uma hipótese de risco para o PD. Mas está encerrada.”

O problema do líderança, no entanto, permanece na ordem do dia. Os opositores de Renzi dizem que é inadmissível que o secretário demissionário continue a dispor de um direito de veto e insista em ditar a linha do partido. Comentava o La Repubblica: “Em caso de confronto, a estratégia [do círculo de Renzi] será o pedido de convocação da Assembleia do partido — já na próxima semana — para eleger um novo secretário.” A trégua no PD é, pelos vistos, temporária.

A vez de Mattarella

Ainda antes da reunião do PD, o Presidente Sergio Mattarella convocou os partidos para o Palácio do Quirinal na segunda-feira. Ouvirá todos, num único dia, em audiências de vinte minutos. Quer saber se “os partidos têm alguma perspectiva de governo”.

Considera que fazer eleições antecipadas no Outono torna complicada a aprovação do Orçamento e paralisa a participação italiana em importantes debates europeus.

Fala-se num “governo de trégua” mas ignora-se o que Mattarella terá em mente tal como a sua margem de manobra. Há muitas dúvidas sobre o comportamento dos “partidos vencedores” — o M5S e a Liga — que mantêm os seus “vetos cruzados”, a Liga em relação ao PD, o M5S em relação a Berlusconi.

Entretanto, Matteo Salvini, líder da Liga, já está em pré-campanha, tendo como alvo preferencial o M5S. Sobe o tom dos ataques. Os “dois vencedores” têm vantagem em fazer das eleições antecipadas uma batalha entre os dois partidos anti-sistema, mobilizando o “voto útil” em detrimento dos outros partidos.