O Taj Mahal está a mudar de cor e a tornar-se verde

O monumento indiano, construído no século XVII, é considerado Património da Humanidade pela UNESCO e foi anunciado, em 2007, como uma das sete maravilhas do mundo moderno. Todos os dias é visitado por cerca de 70 mil pessoas.

Foto
O Taj Mahal, situado na cidade indiana de Agra, foi considerado uma das sete maravilhas do mundo Reuters/POOL

O Taj Mahal, localizado na cidade de Agra, na Índia, tem vindo a mudar de cor e a tornar-se esverdeado, pelo que o Tribunal Supremo da Índia instruiu o governo a procurar ajuda externa para resolver o problema.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Taj Mahal, localizado na cidade de Agra, na Índia, tem vindo a mudar de cor e a tornar-se esverdeado, pelo que o Tribunal Supremo da Índia instruiu o governo a procurar ajuda externa para resolver o problema.

O emblemático mausoléu, constituído por paredes de mármore branco e outros materiais, tem vindo a mudar de cor. Se há uns anos estava a ficar com um tom amarelo, a situação tem vindo a piorar e as paredes apresentam agora manchas com uma coloração castanha e verde, segundo a estação BBC News. As causas para a degradação do edifício estão relacionadas com a poluição e excrementos de insectos.

Os juízes Madan Lokur e Deepak Gupta, do plenário do Tribunal Supremo indiano, analisaram fotografias do palácio, depois de ambientalistas terem entregue em tribunal um pedido de protecção do monumento por causa dos efeitos nocivos dos gases poluentes e da desflorestação na zona. O conselho de juízes, por sua vez, chegou à conclusão que a mudança na coloração do monumento é alarmante: "Mesmo que [o governo indiano] tenha capacidade técnica e conhecimento, não os estão a usar", disse a corte de juízes citada pelo jornal Times of India, alegando ainda que o governo pode ter vindo a desvalorizar a situação. Por isso, o tribunal aconselhou o executivo indiano a procurar ajuda, tanto nacional como estrangeira, de especialistas para avaliar os danos e tomar medidas para restaurar o monumento histórico.

Os ambientalistas alegam que este é um problema maior do que aparenta e que está relacionado com a poluição do rio Yamuna, onde desaguam vários esgotos, o que atrai os insectos – nomeadamente uma espécie de mosquito denominada Chironomus calligraphus. Nas margens do Yamuna, um dos principais rios do Norte da Índia, situa-se a cidade de Agra – onde fica o Taj Mahal. Os activistas alertam que a contaminação do rio leva a uma "reprodução explosiva" de pragas de insectos, que têm impacto na degradação do monumento. "O Yamuna está tão estagnado que os peixes que antes controlavam a população de insectos – ao alimentarem-se deles – estão a morrer, o que faz com que as pragas se proliferem", disse o ambientalista DK Joshi à estação televisiva BBC. Por isso, acreditam que a solução está na limpeza do próprio rio Yamuna e na procura de soluções para travar a poluição industrial. Uma nova audiência no Tribunal Supremo foi marcada para o dia 9 de Maio.

Uma máscara de argila para travar a degradação

O estado de fragilidade do Taj Mahal não é preocupação recente. Nas últimas duas décadas, funcionários do Serviço de Arqueologia da Índia (ASI, na sigla inglesa) – um departamento do Governo indiano ligado ao Ministério da Cultura, que está responsável pela conservação e preservação de monumentos culturais – procederam a várias tentativas de limpeza que consistem no revestimento das paredes de mármore do palácio com uma espécie de lama que absorve a sujidade, a gordura e os excrementos dos insectos. A camada de argila fica a secar durante cerca de 24 horas e é depois retirada. Porém, caso as paredes do monumento sejam submetidas a este processo demasiadas vezes, o mármore branco do Taj Mahal pode perder o seu brilho.

Fonte do Departamento de Química da ASI, Manoj Bhatnagar, esclareceu à BBC que este tipo de máscara de argila é baseado numa receita tradicional que as mulheres indianas usam desde os tempos antigos para restaurar o brilho natural da pele do rosto. "Uma camada de um tipo de argila rica em cal misturada com água é aplicada nas paredes" e, posteriormente, após a secagem, "é removida e a superfície da parede é lavada com água destilada para remover as impurezas", explicou Bhatnagar, citado pela estação televisiva britânica. A última operação de limpeza do monumento teve início em Janeiro e estima-se que termine no final do ano, sendo que o edifício encontra-se, ainda, em obras de recuperação há quatro anos.

O Taj Mahal foi mandado construir pelo Príncipe Khurram, em 1631, em homenagem à sua esposa Mumtaz Mahal, que morreu a dar à luz. O monumento é, actualmente, uma das principais atracções turísticas do mundo, contando com cerca de 70 mil visitantes por dia.

Texto editado por Sandra Silva Costa