Queima das Fitas começa na quinta-feira, sem touros nem copos descartáveis
A festa dos estudantes reduziu o orçamento. Não tem garraiada mas tem Serenata Monumental, que esteve para não acontecer.
A discussão dominou os meses que antecederam a Queima das Fitas de Coimbra, mas a abolição da garraiada no mapa de actividades do evento não é a única mudança a marcar a edição de 2018. A preocupação ambiental, assinalada pela introdução de copos reutilizáveis, é outra das novidades na festa dos estudantes da Universidade de Coimbra (UC) que arranca esta quinta-feira com a Serenata Monumental.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A discussão dominou os meses que antecederam a Queima das Fitas de Coimbra, mas a abolição da garraiada no mapa de actividades do evento não é a única mudança a marcar a edição de 2018. A preocupação ambiental, assinalada pela introdução de copos reutilizáveis, é outra das novidades na festa dos estudantes da Universidade de Coimbra (UC) que arranca esta quinta-feira com a Serenata Monumental.
O secretário-geral da Comissão Organizadora da Queima das Fitas (COQF), Manuel Lourenço, explica ao PÚBLICO que o sistema de copos reutilizáveis compreende duas modalidades: uma em que o copo é adquirido por um euro e outra em que o copo é entregue mediante o pagamento de uma caução de 50 cêntimos.
Estes sistemas, estima Manuel Lourenço, implicam a produção de 120 mil copos reutilizáveis, mas permitirão evitar a utilização de 300 mil copos de plástico descartável na Praça da Canção, na margem esquerda do rio Mondego, onde todos os anos tem lugar o evento. O secretário-geral da COQF sublinha neste ponto o papel do activismo do Grupo Ecológico da Associação Académica de Coimbra e do movimento Não Lixes.
Fernando Jorge Paiva, do Não Lixes, que tem vindo a combater a produção de lixo nas festas académicas, saúda a adopção de copos reutilizáveis. “O caminho é este. Já é uma notícia muito boa”, considera, lembrando no entanto que há outras medidas que ficaram pelo caminho. O objectivo de reduzir as latas no dia do cortejo é disso exemplo, sendo que o ambientalista calcula que todos os anos sejam utilizadas 400 mil latas, o que “tem um impacto gigante”.
Manuel Lourenço assegura que essa medida está no horizonte da COQF. Este ano “o cortejo vai manter-se com a sua matriz”. Mas a ideia de substituir as latas de cerveja por barris de cinco litros está a ser trabalhada, não tendo sido “possível implementá-la este ano”.
Contudo, a organização planeia contribuir para diminuir os efeitos do cortejo nas ruas, “melhorando as condições de higiene”. Foi já pedida autorização ao município para distribuir casas de banho portáteis ao longo do percurso que liga a Alta de Coimbra ao Largo da Portagem. O responsável diz estar a aguardar resposta.
Fernando Jorge Paiva refere que este ano o movimento não fará o habitual cordão para recuperar carrinhos de compras furtados no final do cortejo, concentrando esforços na Festa das Latas.
Também na bilheteira há novidades. O preço do bilhete geral decresceu para os estudantes, tendo-se fixado em 50 euros, mas baixou ainda mais para os que têm bolsa de acção social escolar, sendo este 10 euros mais barato. Isto num ano em que o orçamento do evento diminuiu em cerca de 250 mil euros, para um milhão, refere Manuel Lourenço.
A Queima não vai à Figueira
A mudança mais significativa no programa de festas é mesmo a saída da garraiada, que todos os anos se realizava no coliseu da Figueira da Foz. No dia 13 de Março, 70,7% dos estudantes votaram em referendo a abolição do evento tauromáquico, ditando assim o seu fim. A novela ainda conheceu mais dois episódios no Conselho de Veteranos (órgão que regula a tradição na academia), mas a decisão da maioria dos estudantes acabaria por ser respeitada. Também neste assunto havia várias pressões exteriores à organização da Queima como o movimento Queima das Farpas, que nasceu para pôr fim à garraiada.
Outro ponto do programa esteve em risco de não acontecer. Em Março, a Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, responsável pela Serenata Monumental, ameaçava não participar na Queima devido a ausência de financiamento nos últimos dois anos. Manuel Lourenço explica que as divergências foram ultrapassadas.
Depois da serenata às portas da Sé Velha, o programa da Queima das Fitas de Coimbra prossegue com as noites do parque, onde actuam artistas como Linda Martini, Xutos & Pontapés, Seu Jorge, Sam the Kid e Daniela Mercury , concluindo-se no dia 11 de Maio.