“Continuidade em risco” do Terras Sem Sombra
O Festival Terras Sem Sombra “tem a sua continuidade em risco”, ao fim de 14 anos a levar a música, especialmente sacra, à população do Baixo Alentejo. É a sua directora executiva, Sara Fonseca, que o admite, no final do quinto de 10 fins-de-semana da 14.ª edição do Terras Sem Sombra (TSS), que tem como tradição percorrer vários concelhos alentejanos, com todas as acções de entrada gratuita.
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O Festival Terras Sem Sombra “tem a sua continuidade em risco”, ao fim de 14 anos a levar a música, especialmente sacra, à população do Baixo Alentejo. É a sua directora executiva, Sara Fonseca, que o admite, no final do quinto de 10 fins-de-semana da 14.ª edição do Terras Sem Sombra (TSS), que tem como tradição percorrer vários concelhos alentejanos, com todas as acções de entrada gratuita.
Sara Fonseca diz que o problema “é o financiamento” e a decisão de continuar ou não o que é considerado um evento único e um dos melhores festivais de música sacra do mundo coloca-se já “para o próximo ano”. Sem um mecenas associado, o festival tem vivido dos apoios reunidos anualmente, da adesão das câmaras municipais e de mais de 200 voluntários, não apenas na organização mas de apoio directo às acções que procuram tornar acessível a cultura e valorizar o património cultural e ambiental do Baixo Alentejo antes de mais junto da sua própria população. “O Terras Sem Sombra são as pessoas”, sublinha a directora executiva.
É também como voluntários que as duas caras deste festival, José António Falcão, director-geral, e Sara Fonseca, organizam o TSS desde o início. Na edição de 2018, as embaixadas dos EUA e da Hungria, país-convidado nesta edição, deram também o seu apoio.
Sara Fonseca refere que a recolha de apoios nos últimos dois anos foi mais difícil, especialmente de 2018, lamentando a “falta de interesse” das maiores empresas instaladas na região em apoiar a iniciativa, quando os festivais de grande público não têm esse problema. Por outro lado, os apoios financeiros no âmbito do programa 2020 são inacessíveis para iniciativas como esta. No ano passado, o TSS, com um orçamento que ronda os 200 mil euros, juntou cerca de 10 mil pessoas ao longo dos fins-de-semana, um número que varia muito consoante a dimensão dos espaços para concertos, mas que tem a presença cada vez mais constante de grupos espanhóis “que vêm pela música e pela parte genuína do que oferecemos”, adianta José António Falcão.
Agora que manifesta publicamente a sua preocupação quanto ao destino do festival que tem combatido o défice crónico de acesso de uma região, penalizada por ser pouco povoada, a projectos culturais de qualidade, Sara Fonseca diz ser uma optimista e acreditar que “uma solução será encontrada”. Não sabe é qual.
Na edição de 2018, o TSS chegou pela primeira vez a Elvas, Barrancos e Vila de Frades e regressou a Mértola, ao fim de vários anos.