“O português é primordial para a afirmação externa”

Vítor Ramalho, o secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, vê na presidência cabo-verdiana da CPLP que se inicia em 2019 uma oportunidade preciosa para introduzir a cultura na agenda da organização.

Foto
Vitor Ramalho

Terminado o primeiro Encontro de Escritores de Língua Portuguesa realizado ao abrigo de um protocolo a três anos com a Câmara Municipal da Praia, o secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) acredita que 2019, com Cabo Verde na presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), pode ser um ponto de viragem. “Não é aceitável”, argumenta, “que a quarta língua mais falada do mundo continue a não ter a justa influência de que o mundo deveria beneficiar”. A menos de uma semana do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, que se comemora a 5 de Maio com um programa internacional a anunciar esta segunda-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, Vítor Ramalho diz que está na altura de deixarmos de “pensar pequenino”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Terminado o primeiro Encontro de Escritores de Língua Portuguesa realizado ao abrigo de um protocolo a três anos com a Câmara Municipal da Praia, o secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) acredita que 2019, com Cabo Verde na presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), pode ser um ponto de viragem. “Não é aceitável”, argumenta, “que a quarta língua mais falada do mundo continue a não ter a justa influência de que o mundo deveria beneficiar”. A menos de uma semana do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, que se comemora a 5 de Maio com um programa internacional a anunciar esta segunda-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, Vítor Ramalho diz que está na altura de deixarmos de “pensar pequenino”.

Por que é que a Cidade da Praia é uma boa sede para os encontros anuais de escritores promovidos pela UCCLA?
A circunstância de a partir de 1 de Janeiro de 2019 Cabo Verde presidir à CPLP dá-nos fundadas esperanças de que a cultura se inscreva definitivamente na agenda da organização, a avaliar por todas as declarações que os mais altos representantes do país têm feito. Por outro lado, e numa altura em que a maioria dos países de língua oficial portuguesa enfrentam crises de várias naturezas (política no caso do Brasil, económica no caso de Angola, política e económica no caso da Guiné-Bissau), a experiência de um país que tem uma estabilidade invulgar pode ser uma aprendizagem importante e um incentivo para que os outros países caminhem para a boa governação.

A oficialização do crioulo como língua nacional cabo-verdiana preocupa a UCCLA?
O crioulo é evidentemente uma língua nacional mas neste mundo global e aberto é importante não perder de vista a força aglutinadora que o português representa enquanto língua oficial: é a quarta língua mais falada no mundo, é a língua mais falada em todo o Atlântico Sul. Creio que a consagração do crioulo como língua nacional que o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde tem defendido não prejudicará o estatuto do português, de resto constitucionalmente reconhecido, como língua primordial ao nível da afirmação externa do país.

Santiago de Compostela é agora uma das 43 cidades que integram a UCCLA. O galego é uma expressão da lusofonia?
Santiago de Compostela é portadora de uma língua que é comum ao português, na sua génese e no seu desenvolvimento, e a sua adesão é um passo importante para o reforço das nossas relações históricas com a Galiza. Mas os estatutos da organização permitem e até encorajam que a nossa acção se estenda para além das cidades de língua portuguesa tout court, e daí a nossa preocupação em estreitar, por exemplo, laços com Olivença; a mesma preocupação teve aliás a China, quando com denodo decidiu salvaguardar Macau como cidade associada da UCCLA.  

 

O PÚBLICO viajou a convite da UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa