Uma lista (em expansão) para pôr mais mulheres a falar de tecnologia
Na hora de escolher, as cadeiras dos painéis preenchem-se maioritariamente por homens. A Portuguese Women In Tech criou uma lista de nomes no feminino que é uma chamada de atenção
É “importante” começar por dizer que há mais homens — “mas não há só homens”. É este “desequilíbrio” nos painéis das conferências tecnológicas que Liliana Castro, fundadora da Portuguese Women in Tech, quer ajudar os organizadores dos eventos a harmonizar. Primeiro, com a plataforma que criou em 2017, onde reúne perfis de mulheres portuguesas na indústria tecnológica e no empreendedorismo; agora também com uma lista em expansão, lançada juntamente com a empreendedora social Inês Santos Silva, que dá a conhecer 100 possíveis oradoras (para já).
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É “importante” começar por dizer que há mais homens — “mas não há só homens”. É este “desequilíbrio” nos painéis das conferências tecnológicas que Liliana Castro, fundadora da Portuguese Women in Tech, quer ajudar os organizadores dos eventos a harmonizar. Primeiro, com a plataforma que criou em 2017, onde reúne perfis de mulheres portuguesas na indústria tecnológica e no empreendedorismo; agora também com uma lista em expansão, lançada juntamente com a empreendedora social Inês Santos Silva, que dá a conhecer 100 possíveis oradoras (para já).
The Portuguese Female Speakers List é um documento Excel organizado por várias áreas de competências — como segurança informática, inteligência artificial, empreendedorismo, comunicadoras especializadas em tecnologia ou responsáveis por recursos humanos. Além do nome das oradoras, inclui as respectivas contas do Linkedin, Twitter e a empresa onde trabalham.
O objectivo é reunir, numa espécie de “enciclopédia”, “uma massa crítica feminina” capaz de mostrar aos organizadores de eventos nacionais e internacionais que “não faltam mulheres a dar a cara” pela área. “Com algumas contas rápidas apercebemo-nos que em muitos destes eventos apenas 20% dos oradores são mulheres e que estas são muitas vezes colocadas nos painéis menos relevantes”, aponta Liliana Castro.
A lista foi lançada há uma semana, inicialmente apenas com mulheres portuguesas “activamente envolvidas no ecossistema tecnológico”. Após algumas sugestões, já conta com cerca de cem nomes, incluindo especialistas estrangeiras a residir em Portugal. Qualquer pessoa pode deixar uma sugestão através de um formulário online.
Já no final do ano passado começou a circular por email uma carta aberta, assinada pela "Iniciativa Outras Vozes", um grupo anónimo, que incluía um documento semelhante: a Lista de Vozes Femininas. O mês em que surgiu, Dezembro, não foi coincidência: queria relembrar aos jornalistas que tinham à disposição várias opções de personalidades para fazerem o balanço de 2017 — e não só homens. O documento Excel, também em expansão, engloba figuras de várias áreas, das artes à política, não sendo especificamente dedicado a um tema, como o mais recente.
Com a divulgação destes nomes, Liliana e Inês não querem ter “simplesmente mais mulheres como oradoras” apenas “porque são mulheres”. “Sabemos que existem, em Portugal, milhares de mulheres que se destacam pela sua competência e qualidade do seu trabalho, mas que muitas vezes não têm o reconhecimento que merecem”, clarifica a primeira. A lista de possíveis oradoras, que deverá continuar a ser actualizada, é só mais uma maneira de lhes dar “exposição” e uma cábula para ser usada por organizadores de eventos nacionais e também estrangeiros “na hora de definirem os oradores". Isto se quiserem painéis mais igualitários — e para não serem mais um exemplo do Mulher Não Entra.