Mais de 75% das grávidas foram vacinadas contra a tosse convulsa

Primeiro balanço da medida introduzida em Janeiro do ano passado ultrapassou as expectativas. Na Semana Europeia da Vacinação, as atenções continuam centradas no surto de sarampo. Desde Julho de 2017 até ao momento, as campanhas de repescagem permitiram vacinar mais 60 mil a 70 mil pessoas.

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Marco Duarte

Mais de 75% das grávidas vacinaram-se contra a tosse convulsa em 2017. A medida entrou em vigor a 1 de Janeiro desse ano e a adesão à vacina, que faz parte das últimas alterações ao Programa Nacional de Vacinação (PNV), ultrapassou as expectativas da Direcção-Geral da Saúde (DGS). O balanço foi feito ontem, no arranque da Semana Europeia da Vacinação, quando as atenções continuam centradas no surto de sarampo que infectou até ao momento 109 pessoas. Desde o ano passado, as campanhas de repescagem – contacto directo com pessoas com vacinas em atraso – permitiram vacinar mais 60 mil a 70 mil pessoas.

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Mais de 75% das grávidas vacinaram-se contra a tosse convulsa em 2017. A medida entrou em vigor a 1 de Janeiro desse ano e a adesão à vacina, que faz parte das últimas alterações ao Programa Nacional de Vacinação (PNV), ultrapassou as expectativas da Direcção-Geral da Saúde (DGS). O balanço foi feito ontem, no arranque da Semana Europeia da Vacinação, quando as atenções continuam centradas no surto de sarampo que infectou até ao momento 109 pessoas. Desde o ano passado, as campanhas de repescagem – contacto directo com pessoas com vacinas em atraso – permitiram vacinar mais 60 mil a 70 mil pessoas.

“Sempre pensei que se no primeiro ano metade das grávidas se vacinasse contra a tosse convulsa, teríamos atingido um excelente resultado. Mas posso dizer que mais de 75% das grávidas o fizeram, num acto de extrema generosidade para com os seus filhos”, disse ao PÚBLICO a directora-geral da Saúde, referindo que no continente, em termos absolutos, pelo menos 63 mil grávidas fizeram a vacinação.

Desde 1 de Janeiro de 2017 que a vacina contra a tosse convulsa passou a ser recomendada a grávidas entre as 20 e as 36 semanas de gestação. Uma maneira de garantir a imunidade do bebé, através dos anticorpos que passam pela placenta, até que este possa fazer a primeira dose da vacina, recomendada aos dois meses. As restantes doses são dadas aos quatro e seis meses.

A maioria dos casos de doença no bebé ocorre nos primeiros meses de vida e daí esta acção dirigida às grávidas. Graça Freitas salienta o trabalho desenvolvido pelos obstetras e médicos de família na sensibilização das grávidas, grupo que “não está habitualmente muito aberto à toma de medicação”.

A tosse convulsa é uma doença prolongada que provoca muito mal-estar e por vezes complicações que obrigam a internamento e podem resultar em morte. Segundo os dados provisórios da DGS em 2017 registaram-se 26 casos em bebés até aos dois meses de idade, o número mais baixo dos últimos seis anos. Em 2016 tinham sido 197 e no ano anterior 91 (nas mesmas idades).

Graça Freitas reage com cautela aos resultados, lembrando que a doença não tem o mesmo comportamento todos os anos e que em 2017 ainda nasceram muitas crianças filhas de mães não vacinadas (engravidaram em 2016, quando a vacinação ainda não estava recomendada). Ainda assim, “tudo indica que terá havido um efeito positivo da vacinação materna em relação aos casos de tosse convulsa em crianças muito pequenas”, antes destas poderem ser imunizadas.

É este trabalho de avaliação, para que se possam tirar conclusões claras da estratégia implementada, que a comissão técnica de vacinação da DGS está a fazer. Não apenas para a tosse convulsa, mas também em relação às restantes alterações. Entre elas, a introdução no plano da vacina contra a meningite B para crianças com défice de imunidade. “Está a ser avaliado se a estratégia se deve manter assim ou ser alargada. Ainda não há indicação, é uma questão que vai ser discutida ao longo do ano.”

Mais 60 mil vacinados

A ser acompanhado de perto está igualmente o actual surto de sarampo, que infectou até ao momento 109 pessoas. Embora nos últimos dias não se tenham registado novos casos positivos, ainda há 20 situações em investigação, segundo o balanço de ontem da DGS, que adianta que não existem neste momento pessoas com a doença.

No ano passado, Portugal registou dois surtos, iniciados em Fevereiro e dados como terminados a 5 de Julho, que resultaram em 56 infectados e na morte de uma jovem que não estava vacinada. No mesmo dia em que a epidemia foi dada como terminada, a DGS emitiu uma norma a lançar uma campanha de repescagem de crianças e adultos não vacinados ou com a vacina em atraso.

Os dados ainda estão a ser apurados, mas Graça Freitas estima que “desde 2017 até este momento terão sido repescadas 60 mil a 70 mil pessoas” que foram assim vacinadas. Um número superior ao balanço feito no início de Março, quando as estimativas apontavam para 40 mil pessoas vacinadas. “Nas primeiras semanas do surto foram enviadas, para repescagem, mais 20 mil doses de vacina das farmácias para as unidades de saúde que terão sido todas dadas. Depois disso já houve mais reforços”, adiantou a responsável, referindo que embora o objectivo seja a vacinação contra o sarampo, se existirem outras vacinas em atraso elas são dadas.

A situação deste ano aumentou o nível de alerta e o trabalho que está a ser feito no terreno, com contactos directos dos centros de saúde seja por telefone, carta ou pessoalmente. “De um modo geral ultrapassamos os 95% [de taxa de vacinação] em todas as vacinas para idades chave, mas continuam a subsistir algumas bolsas populacionais menos vacinadas. Estamos a fazer um grande esforço para repescar essas bolsas. No Algarve, por exemplo, que tem populações estrangeiras e muita rotatividade de pessoas, está neste momento a decorrer um plano de convocatória.”