Tiger Time, uma app que “barra” distracções em momentos de estudo
Com 23 anos, Johnny Cartucho é o criador da Tiger Time, app que quer limitar o acesso às redes sociais em momentos de concentração
Um jovem português está a desenvolver uma aplicação que visa "barrar" distracções das redes sociais em momentos de estudo ou de trabalho, pretendendo fazer crescer o conceito e traduzir minutos de atenção em descontos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Um jovem português está a desenvolver uma aplicação que visa "barrar" distracções das redes sociais em momentos de estudo ou de trabalho, pretendendo fazer crescer o conceito e traduzir minutos de atenção em descontos.
De mãe canadiana e pai português, Johnny Cartucho tirou partido da sua fluência em inglês e rumou à universidade britânica de Loughborough para o curso de engenharia electrónica, que o obrigou ao estudo da linguagem de programação C++. "E essa era uma experiência muito frustrante porque era um tópico muito denso e muito complicado", relata. Como fracassaram as várias aplicações que experimentou para conseguir "pelo menos 30 minutos sem ficar distraído", o jovem, agora com 23 anos, começou a imaginar a Tiger Time, que deverá chegar ao mercado em duas semanas.
"Do nada" ganhou uma competição da sua universidade e o passaporte para a 1.ª edição de Cascais da European Innovation Academy, em Agosto de 2017, "onde tudo mudou". Naquela aceleradora de inovação de três semanas reuniu uma equipa internacional para desenvolver a sua ideia de criar o "melhor interface do mercado" para a "ferramenta mais famosa no mundo da produtividade: a pomodoro technique" e garantir foco "interna e externamente". Daqui até à incubadora de start-up Beta-i, em Lisboa, e a um financiamento de 10 mil euros foram outros passos rápidos.
É no escritório da aceleradora que o empreendedor explica o roadmap do produto, que, nesta fase inicial, passa apenas pela aplicação de técnicas de recompensa de videojogos, como pontos de experiência, mas que poderá vir a traduzir-se em descontos. Nos objectivos de Johnny Cartucho está estabelecer parcerias com marcas, possibilitando que minutos de concentração se possam traduzir em descontos. "Agora vamos começar 'muito pequenino' e muito focados no utilizador individual e ver se conseguimos trazer valor para o utilizador individual para depois falarmos com empresas e oferecer valor de maneira mais directa", explica.
Vencer o vício das redes sociais
O princípio da aplicação é "detectar se foi trocada", por exemplo, por uma rede social. "E o sistema diz: já não estás a ganhar ranking, experiência ou descontos", como se de um jogo se tratasse. Ao utilizador cabe definir o tempo para o seu foco e seguir depois os períodos definidos para actividade intensa e intervalo. A publicitação deste método será feita dentro de "núcleos de estudantes", online e offline, já que haverá contactos nomeadamente em biblioteca e em grupos do Facebook.
Todos estes projectos têm literalmente mais duas mãos envolvidas, as do programador irlandês Adam O'Neill, que resolveu não abandonar a equipa do Tiger Time e trocar Dublin por Lisboa. Depois da European Innovation Academy e da entrada na Beta-i, o jovem pensou em prós e contras e chega a uma conclusão: "Mesmo que corra mal, eu terei ganho uma enorme experiência e conhecimento, especialmente para alguém da minha idade. Tendo ambos 23 anos somos bastante novos para montar o nosso próprio negócio e pensámos: vale a pena o risco".
Hoje em dia, com a aplicação que também já é sua, o irlandês garante trabalhar de "forma mais eficaz" e consultar menos o Facebook, numa espécie de testemunho sobre a importância de ganhar consciência de vícios que nem sempre se reconhecem. "Não se reconhece que somos viciados no Facebook ou no Instagram. Mas quando se tenta ter duas horas de concentração, percebe-se que é quase impossível desenvolver apenas uma tarefa", conclui.