João Lourenço oficaliza exoneração do embaixador angolano em Lisboa

José Marcos Barrica, antigo ministro da Juventude e dos Desportos, ocupava o cargo diplomático na capital portuguesa desde Abril de 2009. Chefe do Estado Maior das Forças Armadas também substituído.

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Marcelo Rebelo de Sousa e João Lourenço, em Luanda, no dia da tomada de posse do Presidente angolano LUSA/MIGUEL FIGUEIREDO LOPES REPUBLIC PRESIDENCY OF PORTUGAL HANDOUT

O Presidente angolano, João Lourenço, exonerou nesta segunda-feira oficialmente 22 responsáveis, entre eles José Marcos Barrica, que era embaixador da República de Angola em Portugal, e Geraldo Sachipengo Nunda, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas. 

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O Presidente angolano, João Lourenço, exonerou nesta segunda-feira oficialmente 22 responsáveis, entre eles José Marcos Barrica, que era embaixador da República de Angola em Portugal, e Geraldo Sachipengo Nunda, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas. 

A notícia sobre a substituição de Marcos Barrica já tinha sido avançada, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros português a confirmar ao PÚBLICO, no início de Janeiro, que já dera o "agrément ao novo Embaixador de Angola em Portugal" - Carlos Alberto Fonseca foi o nome avançado na altura.

A informação sobre a exeneração consta de uma nota da Casa Civil do Presidente da República, enviada à agência Lusa, não fala no sucessor. Indica apenas que José Marcos Barrica "havia sido nomeado para as funções que agora cessam em Abril de 2009".

Desde que assumiu o cargo de chefe de Estado angolano, em Setembro, João Lourenço já exonerou e nomeou embaixadores para várias capitais.

A confirmação da saída de José Marcos Barrica, antigo ministro da Juventude e dos Desportos, de 56 anos, acontece numa altura de tensão nas relações entre Angola e Portugal, devido ao processo Fizz, que envolve como arguido suspeito de corrupção activa o ex-vice-Presidente da República angolana, Manuel Vicente.

Em Janeiro, o Presidente angolano, João Lourenço, afirmou que as relações entre Portugal e Angola vão "depender muito" da resolução do processo de Manuel Vicente e classificou a atitude da Justiça portuguesa como "uma ofensa" para o seu país.

"Lamentavelmente [Portugal] não satisfez o nosso pedido, alegando que não confia na Justiça angolana. Nós consideramos isso uma ofensa, não aceitamos esse tipo de tratamento e por essa razão mantemos a nossa posição", enfatizou João Lourenço.

Para a defesa do ex-governante angolano, as questões relacionadas com Manuel Vicente deviam ser analisadas pela justiça angolana, apontando mecanismos previstos no Direito Internacional e nos Direitos internos em matéria de cooperação judiciária.

Chefe do Estado Maior também afastado

O Presidente angolano nomeou também nesta segunda-feira o general António Egídio de Sousa Santos para Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, substituindo no cargo Geraldo Sachipengo Nunda, exonerado também por decisão de João Lourenço.

Em decorrência da nomeação como novo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas, João Lourenço promoveu ainda Egídio de Sousa Santos ao grau militar de general-de-exército, entre outras mexidas naquela organização militar.

A 26 de Março foi divulgado que o general de exército (a mais alta patente angolana) Geraldo Sachipendo Nunda, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, foi constituído arguido num processo de alegada tentativa de burla ao Estado, de 50 mil milhões dólares.

Em Novembro de 2017, o general Geraldo Sachipengo Nunda, anunciou que estava em condições de se reformar, por já ter completado 65 anos de idade.

O anúncio do general, naquelas funções desde 2010, para as quais foi indicado por José Eduardo dos Santos, na altura chefe de Estado e Comandante-em-Chefe das FAA, foi feito na quarta-feira, precisamente na cerimónia de passagem à reforma de 15 oficiais generais.

“A lei das forças armadas, a lei do serviço militar, diz que os oficiais generais são reformados aos 55 anos, o chefe do Estado-Maior General aos 58 ou 60 anos, mas nós estamos a nos reformar com 65 anos. E eu sou um candidato para a reforma, porque já fiz 65 anos no mês de setembro”, disse o general.

Nascido a 13 de Setembro de 1952 em Nharaa, província do Bié, Geraldo Sachipengo Nunda abandonou as forças armadas da UNITA em janeiro de 1993, incorporando-se nas FAA.