Investigadores de armas químicas entraram em Douma pela primeira vez
Duas semanas depois do ataque em que Assad é suspeito de ter usado armas proibidas, os inspectores conseguiram recolher algumas amostras no terreno.
Uma equipa de cientistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) conseguiu aceder este sábado ao local em Douma onde se suspeita que tenha ocorrido há precisamente duas semanas um ataque com armas químicas. Foram recolhidas algumas amostras e os membros da equipa vão decidir se será necessário fazer novas visitas ao local.
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Uma equipa de cientistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) conseguiu aceder este sábado ao local em Douma onde se suspeita que tenha ocorrido há precisamente duas semanas um ataque com armas químicas. Foram recolhidas algumas amostras e os membros da equipa vão decidir se será necessário fazer novas visitas ao local.
Há uma semana que o grupo de inspectores da OPAQ aguardava autorização por parte do exército de Bashar al Assad para visitar Douma. Na quarta-feira tinha sido feita uma tentativa, mas que acabou por ser abortada depois de uma missão de reconhecimento das Nações Unidas ter ficado sob fogo.
Apesar dos riscos de segurança, na segunda-feira, um grupo de jornalistas de vários países acompanhado por militares russos e sírios teve acesso a Douma, onde falou com testemunhas que alegam terem sido forçadas pelos Capacetes Brancos – um grupo de pronto-socorro acusado por Moscovo de ser anti-regime – a simular os efeitos de um ataque químico. A embaixada russa em Londres está muito activa a difundir essas reportagens.
Médicos de Douma foram transferidos para zonas controladas pelo Governo, interrogados e apareceram em media estatais sírios a desmentir que tivesse havido qualquer ataque químico, relataram resistentes da cidade ao Washington Post, que confirmaram que aqueles médicos estiveram em clínicas de Douma na noite do ataque.
O sentimento é de que está a ser montada uma operação de branqueamento, de negação de que tenha havido um ataque químico em Douma.
Já na sexta-feira, o Departamento de Estado norte-americana tinha lançado um alerta de que a Rússia estaria a apagar provas, em colaboração com o regime sírio. "Acreditamos que responsáveis russos trabalharam com o regime para limpar o local onde se suspeita que foram os ataques para remover provas incriminatórias do uso de armas químicas", disse a porta-voz do Departamento, Heather Nauert, citada pela Reuters.
As amostras recolhidas vão ser enviadas para a sede da organização na Holanda e depois reencaminhadas para os laboratórios onde serão analisadas, explica a Reuters. Os investigadores vão tentar perceber se existem indícios de que foram utilizadas armas químicas, cujo uso é proibido por um tratado internacional ratificado pela Síria. Mas não estão obrigados a pronunciar-se quanto à autoria do ataque.
Os EUA e a União Europeia acusam as forças de Assad de terem usado armas químicas em Douma a 7 de Abril, para forçarem a saída de um grupo do rebelde dos seus últimos bastiões. Pelo menos 40 pessoas morreram, e 500 foram expostas aos químicos, disse a Organização Mundial de Saúde. Damasco e Moscovo garantem que tudo não passa de uma fabricação dos opositores de Assad.
No sábado passado, os EUA, Reino Unido e França uniram-se num ataque coordenado contra instalações militares sírias que dizem ter sido usadas para o fabrico de armamento químico.