Fogos como os de 2017 podem repetir-se e ser "ainda mais graves"

O alerta é lançado pelo especialista em incêndios Mark Beighley, que em 2009 previu os incêndios de 2017. O especialista estima que a cada 20 anos os fogos possam assumir as dimensões dos de 2017.

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Em 2017, arderam cerca de 750 mil hectares de floresta, matos e campos agrícolas paulo pimenta

Em dez anos, Portugal perdeu 14 mil bombeiros. As razões apontadas são várias, desde a fraca profissionalização ao envelhecimento destes profissionais. Estas são as conclusões de Mark Beighley, especialista norte-americano que em 2009 previu os incêndios de 2017 e que tem aconselhado o Governo na delimitação de uma estratégia de prevenção e combate aos fogos.

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Em dez anos, Portugal perdeu 14 mil bombeiros. As razões apontadas são várias, desde a fraca profissionalização ao envelhecimento destes profissionais. Estas são as conclusões de Mark Beighley, especialista norte-americano que em 2009 previu os incêndios de 2017 e que tem aconselhado o Governo na delimitação de uma estratégia de prevenção e combate aos fogos.

O estudo, a que a TSF teve acesso, é apresentado nesta sexta-feira no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa. Portugal Wildfire Management in a New Era - Assessing Fire Risks, Resources and Reforms nasce de entrevistas a mais de três dezenas responsáveis de prevenção, combate e investigação aos fogos. E lança vários alertas: os incêndios como os de 2017 podem repetir-se e ser ainda mais graves.

De acordo com a estimativa de Mark Beighley, há uma probabilidade de 5% de Portugal enfrentar um ano em que ardam perto de 750 mil hectares, 10% da floresta, matos e campos agrícolas nacionais. Ou seja, em cada 20 anos, haverá pelo menos um ano em que os fogos vão assumir as dimensões dos de 2017.

As razões são várias. Não se pode ignorar os impactos das alterações climáticas, mas a eles juntam-se o decréscimo no número total de bombeiros, o envelhecimento da profissão, a necessidade de maior profissionalização e melhor remuneração. Segundo as conclusões do estudo, os bombeiros são a “espinha dorsal do combate aos fogos” e não os meios técnicos, mas o número tem vindo a decrescer. De acordo com os números do Instituto Nacional de Estatística, havia 42 mil bombeiros (profissionais e voluntários) em 2006. Em 2016, ano em que se contaram menos bombeiros, eram apenas 28 mil.