Professores exigem horários de 35 horas como os outros trabalhadores públicos
Fenprof alega que muitos professores trabalham em média 46 horas por semana e realizou concentração para denunciar esta situação.
Dezenas de professores concentraram-se nesta quinta-feira em frente do Ministério da Educação (ME), em Lisboa, para exigir a correcção dos horários de trabalho, que consideram ilegais, uma vez que muitos docentes trabalham em média 46 horas semanais.
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Dezenas de professores concentraram-se nesta quinta-feira em frente do Ministério da Educação (ME), em Lisboa, para exigir a correcção dos horários de trabalho, que consideram ilegais, uma vez que muitos docentes trabalham em média 46 horas semanais.
O problema "é antigo" - "tem cerca de 10 anos" -, mas os professores prometem não desistir de lutar pelo direito a trabalhar 35 horas por semana, "tal como definido na lei geral para todos os trabalhadores", disse Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof).
As longas horas de trabalho nas escolas e em casa são "um dos principais factores de desgaste dos professores", recordou, explicando que a concentração desta quinta-feira serve "apenas para que o Governo e o Ministério da Educação cumpram a lei".
Sara Bogarim tem 60 anos e dá aulas há 37 anos. Nesta quinta-feira juntou-se ao protesto e deu a cara pelos professores que se sentem cansados e revoltados com o excesso de trabalho: "Além das aulas, estou na biblioteca e no Clube de Artes", contou a professora de Educação Visual.
Sara disse que, ainda na semana passada, entrou na sua escola, que pertence ao agrupamento de Nelas, por volta das 08H00 e saiu apenas às 20H00, por causa das reuniões que se juntam ao trabalho que já tem todos os dias com os alunos.
E depois, desabafou, há dias em que quando chega a casa tem à sua espera mais uma maratona para preparar aulas ou corrigir trabalhos dos seus alunos.
Mário Nogueira recordou estudos que indicam que os docentes trabalham em média mais de 46 horas semanais, entre trabalho com os alunos (horário lectivo), trabalho na escola para reuniões com colegas ou para receber encarregados de educação (componente não lectiva de estabelecimento) e todo o trabalho que é feito em casa (componente individual de trabalho).
Para a Fenprof, os horários dos professores, tal como são aplicados pelas escolas, são ilegais, porque há actividades lectivas que estão atribuídas na componente não lectiva de estabelecimento; há actividades que deveriam ocupar horas de estabelecimento, mas ocupam muitas horas da componente individual de trabalho.
"Queremos que o próximo despacho de organização do ano lectivo regularize esta situação", defendeu o secretário-geral da Fenprof.
No final da concentração, um grupo de professores entregou no ministério uma proposta para corrigir a situação e Mário Nogueira revelou que a tutela já agendou para 3 de Maio um encontro para discutir o assunto.
Para chamar a atenção dos responsáveis do ME, a Fenprof usou relógios e a música dos Pink Floyd Time e afixou vários cartazes onde se podia ler: "Horário Sobrecarregados: Professores Prejudicados" ou "Professores: Horário é de 35 horas e não de 46".