Portugal, o luxo e as tradições artesanais passaram pela conferência da Condé Nast

A quarta edição da Condé Nast International Luxury Conference, a decorrer entre os dias 18 e 19, reuniu cerca de 500 executivos e criativos ligados ao mundo do luxo em Lisboa.

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Maria Grazia Chiuri Gonzalo Fuentes

O Pátio da Galé, em Lisboa, vestiu-se a preceito para receber cerca de meio milhar de executivos e criativos oriundos de todo o mundo para falar sobre luxo. A receber os convidados estava uma divertida mascote criada à imagem da editora internacional da Vogue e anfitriã do evento Suzy Menkes, reconhecida pela sua poupa. Este é o quarto encontro que a Condé Nast realiza, o primeiro em Portugal.

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O Pátio da Galé, em Lisboa, vestiu-se a preceito para receber cerca de meio milhar de executivos e criativos oriundos de todo o mundo para falar sobre luxo. A receber os convidados estava uma divertida mascote criada à imagem da editora internacional da Vogue e anfitriã do evento Suzy Menkes, reconhecida pela sua poupa. Este é o quarto encontro que a Condé Nast realiza, o primeiro em Portugal.

Depois da apresentação do presidente da Condé Nast International, Jonathan Newhouse, estava prevista a presença do primeiro-ministro António Costa que acabou por não comparecer. Suzy Menkes deu as boas-vindas propondo discutir “o poder da língua e a sua importância num mundo cada vez mais global”, questionando: “O conceito de construir o futuro a partir do passado ainda é relevante?”

À criadora italiana Maria Grazia Chiuri, actualmente à frente da marca francesa Dior — um dos grandes nomes anunciados pela conferência — lançou uma provocação: “O trabalho manual feito em Portugal pode ser canalizado por designers portugueses como algo que tenha aceitação a nível mundial?”. Para a criadora, que momentos antes havia comentando que Portugal, tal como França e Itália, tem uma tradição dos bordados, “tudo é possível”.

“É importante transmitir tradição em algo que pode ser global”, considera Maria Grazia Chiuri, lembrando que os países do Sul da Europa têm algumas características em comum. “E há esta grande tradição. Se usarem a tradição para fazer algo novo, porque não?!”

A própria Suzy Menkes já tinha dado uma resposta à mesma questão, em entrevista ao PÚBLICO: “Estou nesta área há tanto tempo que, quando fui pela primeira vez a Itália, era apenas um país que produzia para outros. França era o único país que as pessoas consideravam que tinha designers.”

Outro dos criadores de renome, Giambattista Valli — o italiano que, por sinal, escolhe Paris para apresentar as suas colecções — justifica por que razão decidiu fixar-se na capital francesa, referindo a importância dada pelas grandes marcas de luxo aos  “arts et métiers”, às artes e ofícios .

Mesmo contando com a ausência de António Costa, a manhã viu subir ao palco uma série de nomes portugueses. A editora da Vogue Portugal, Sofia Lucas, anunciou o projecto “Back to the Roots” com o qual a revista pretende captar a herança do traje português e do trabalho manual ligado ao mesmo, e que culminará na publicação de um livro no final do ano. O objectivo será retratar algumas das pessoas que ainda detêm esse conhecimento, informa. Já Paula Amorim, presidente do grupo Amorim Luxury, falou sobre a nova geografia de consumidores. “Portugal tem a autenticidade que o novo consumidor procura”, comenta a sucessora do empresário Américo Amorim e dona das lojas Fashion Clinic.

A dupla portuguesa Marques'Almeida, a trabalhar em Londres, marcou presença em Lisboa para falar sobre o sucesso da marca — actualmente na shortlist para o prémio BFC/Vogue Designer Fashion Fund 2018, no valor de 200 mil libras (225 mil euros). Conhecida sobretudo pelo uso de ganga de formas ousadas, a marca criada em 2011 recebeu em 2015 o prémio da LVMH para Jovens Estilistas de Moda – prémio de holding de marcas de luxo –, no valor de 300 mil euros. “Foi um momento de viragem, comenta Marta Marques no palco da Condé Nast.

O brasileiro Alfredo Orobio foi convidado para falar sobre a Awaytomars, que funciona em regime de co-criação, recebendo contribuições de centenas de designers para cada colecção. Fundada em 2015, a marca apresenta semestralmente na ModaLisboa e, na última edição, mostrou uma colaboração de calçado feita com a marca brasileira Melissa — sendo que, de acordo com Alfredo Orobio, dois dos modelos esgotaram duas horas depois de terem sido colocados à venda. Este aproveitou o palco para falar sobre a futura colaboração da marca com a Froot Loops, uma marca da Kellogg’s.

O evento recebeu ainda, no primeiro dia, figuras como Frederico Marchetti (fundador da Yoox e CEO do grupo Yoox Net-A-Porter); o criador de sapatos Christian Louboutin — que tem casa em Lisboa e no sul de Portugal e declarou definitivamente que uma linha de roupa é algo que nunca terá —; e a actriz vencedora de dois Óscares Hilary Swank, que apresentou a sua marca de roupa desportiva para o dia-a-dia, Mission Statement.

A conferência continua esta quinta-feira, no Pátio da Galé, com figuras como o CEO da Bottega Veneta, Claus-Dietrich Lahrs; e o criador português à frente do departamento criativo da Lacoste, Felipe Oliveira Baptista.