Equipa do Facebook cria email que se recebe na pele

Tecnologia poderá permitir às pessoas estarem contactáveis, sem as obrigar a estar sempre a olhar para o telemóvel.

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Com o aparelho, podem-se enviar mensagens discretas em reuniões Miguel Manso

Uma equipa de investigadores do Facebook criou uma forma para receber mensagens invisíveis na pele. Em vez de se lerem as palavras, a comunicação sente-se, e, por isso, não obriga os utilizadores a estarem sempre a olhar para ecrã, sendo também mais discreta e difícil de espiar.

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Uma equipa de investigadores do Facebook criou uma forma para receber mensagens invisíveis na pele. Em vez de se lerem as palavras, a comunicação sente-se, e, por isso, não obriga os utilizadores a estarem sempre a olhar para ecrã, sendo também mais discreta e difícil de espiar.

“É uma linguagem a que chamamos ‘transcutânea’, ou TLC, que transmite uma representação da língua falada ou escrita no braço”, explica a equipa do Facebook num relatório divulgado esta semana. “Os utilizadores recebem as mensagens sem olhar para o ecrã dos seus dispositivos.”

O protótipo lembra um molde de gesso para um braço partido. Na parte de dentro tem oito painéis sensoriais (do tamanho de uma moeda de um euro) que, quando são activados, desencadeiam vibrações específicas que representam diferentes fonemas, os sons básicos que formam as palavras numa linguagem (como o som de uma vogal ou consoante). 

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O protótipo parece um molde de gesso com oito sensores Facebook Research

Para já, a equipa está a ensinar as pessoas que testam o dispositivo a sentir quatro fonemas diferentes. De acordo com os investigadores, é o suficiente para aprender a reconhecer 100 palavras em menos de duas horas e perceber mensagens simples sobre a hora de começo de uma reunião ou o restaurante para o jantar. O maior objectivo, dizem, é ser um modelo de comunicação moderno que ajuda as pessoas a estarem contactáveis, sem as obrigar a estar sempre a olhar para o telemóvel.

Dados recentes da consultora Deloitte mostram que as pessoas olham para o seu smartphone perto de 50 vezes por dia. “Não é socialmente aceitável estar a usar o aparelho durante uma reunião, um filme, ou locais onde se tem de estar em silêncio como na igreja, mas pode ser muito mau perder uma chamada ou SMS importante”, justifica a equipa do Facebook.

A inspiração para o projecto veio da escrita em braille e do tadoma, um tipo de comunicação em que as pessoas encostam os dedos à garganta e lábios de quem está a falar. “O toque e a vibração têm-se provado como métodos praticáveis de comunicação”, lê-se no relatório. “Mas embora esta comunicação ‘vibrotáctil’ seja muito utilizada por pessoas com problemas de visão ou audição, a sua aplicação para pessoas que vêem e ouvem não é explorada o suficiente.”

Os utilizadores com problemas de audição também podem beneficiar do projecto, sugerem os autores do trabalho. “A visão deixa de estar sobrecarregada com a linguagem gestual além de outra informação visual.”

Os interessados vão ter a oportunidade de experimentar o produto no dia 21 de Abril, em Montreal, no Canadá, durante a CHI 2018, uma conferência anual sobre a interacção entre humanos e máquinas. No futuro, os investigadores querem transformar o molde que cobre o antebraço num aparelho mais discreto, como uma pulseira ou relógio inteligente.