Um desenho sobre poluição no mar deu à costa na praia do Mindelo
Uma baleia encarcerada numa garrafa de plástico deu à costa em Vila do Conde. Desenho gigante, feito na areia pelo artista J. Ben, pretendeu alertar para a poluição de plástico no mar, fruto de uma iniciativa da European Environmental Bureau divulgada pela Quercus
Quem esta terça-feira de manhã passou pela praia do Mindelo, em Vila do Conde, pode não ter reparado, mas no seu areal esteve durante um par de horas uma baleia encarcerada numa garrafa de plástico. Ou, pelo menos, no sentido figurativo: era apenas um desenho na areia. Do que se tratava? De uma campanha de sensibilização para a necessidade de redução da poluição de plástico no mar: uma iniciativa lançada pela European Environmental Bureau (EEB), uma organização não-governamental europeia de defesa do ambiente, que foi divulgada pela Quercus em Portugal.
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Quem esta terça-feira de manhã passou pela praia do Mindelo, em Vila do Conde, pode não ter reparado, mas no seu areal esteve durante um par de horas uma baleia encarcerada numa garrafa de plástico. Ou, pelo menos, no sentido figurativo: era apenas um desenho na areia. Do que se tratava? De uma campanha de sensibilização para a necessidade de redução da poluição de plástico no mar: uma iniciativa lançada pela European Environmental Bureau (EEB), uma organização não-governamental europeia de defesa do ambiente, que foi divulgada pela Quercus em Portugal.
Esculpido por Jhean Benjamin, um famoso artista francês nestas andanças, o baixo-relevo de 35 metros de diâmetro demorou cerca de duas horas e meia a ser concebido, o que levou J. Ben (nome artístico) a marcar presença na praia vila-condense desde as 7h30. “Primeiro preparo tudo em papel e desenho o que quero fazer, e depois vou para a praia”, contou ao P3.
Mas não para uma praia qualquer, claro. O artista precisa de ter certas condições para o seu trabalho e encontrou-as no areal no Mindelo. “Tenho de ter atenção ao vento e ao sol porque quanto mais rápido a areia secar, pior vai ser, pois perde os contrastes e os traços que vou escavando”, diz. “A areia compacta é a melhor, sem dúvida.”
A iniciativa está inserida numa campanha europeia, que envolveu países como a França, Alemanha, Reino Unido e Espanha. E, depois de Portugal, será a vez da Holanda. “É como se fosse um alerta, por parte dos mares e oceanos, relativamente ao plástico que para eles descartamos”, explica a coordenadora da Quercus para os resíduos, Carmen Lima. E mesmo por isso todas as esculturas incluem a hashtag #BreakFreeFromPlastic (#Liberta-teDoPlástico, em tradução livre).
“A EEB seleccionou Portugal como um dos locais — até porque temos uma grande costa — escolhidos para realizar este desenho na areia”, conta Carmen. “Não é mais do que uma campanha de sensibilização que nós pretendemos fazer a nível europeu de forma a minimizarmos a poluição marinha, efectuada principalmente por resíduos de plástico.”
Depois da próxima paragem na Holanda, vão ser divulgados os vários vídeos realizados nas praias europeias, uma vez que a sensibilização nunca é demais. “Nós fizemos [em Portugal] uma avaliação sobre a percepção que as pessoas tinham em relação ao uso do plástico e percebemos que cerca de 96% das pessoas sabem que existe um impacto do plástico no mar”, aponta Carmen Lima. “Agora, aquilo que verificámos é que só 46% [das pessoas] é que começaram a fazer alguma coisa no seu dia-a-dia para reduzir o consumo de plástico”, sublinha a responsável, citando os resultados obtidos de um inquérito divulgado no início deste mês pela Quercus.
Por isso, acredita, estas pequenas acções podem fazer a diferença. “O que nós queremos é pôr as pessoas a pensar mais um bocadinho naquilo que são os pequenos gestos: por exemplo, não colocar a cotonete na sanita, encaminhar os resíduos de plástico para o ecoponto amarelo ou mesmo recolher os resíduos que produz, quer na mata, quer na praia”, refere a coordenadora de resíduos da Quercus. Talvez este desenho na areia possa ajudar a que menos plástico — e baleias — dêem à costa.