Santana nega ruptura com Rio. Mas confirma afastamento

Sobre a sua relação com o líder social-democrata o ex-primeiro-ministro e antigo presidente do partido diz que não se pode dizer que houve “ruptura” entre pessoas que nunca estiveram “entrelaçadas”. Menezes critica Rio pelos acordos com Governo.

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Manuel Almeida/Lusa

Pedro Santana Lopes diz que não desmente a ruptura com Rui Rio que foi noticiada nesta terça-feira e confirma o afastamento entre os dois desde o congresso. “Não temos trabalhado. Não tem acontecido nada em conjunto. A realidade é essa. Não se pode chamar ruptura aquilo que não foi entrelaçado ou casado, se quiser”, afirmou ontem à noite o antigo líder do partido na SIC-Notícias.

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Pedro Santana Lopes diz que não desmente a ruptura com Rui Rio que foi noticiada nesta terça-feira e confirma o afastamento entre os dois desde o congresso. “Não temos trabalhado. Não tem acontecido nada em conjunto. A realidade é essa. Não se pode chamar ruptura aquilo que não foi entrelaçado ou casado, se quiser”, afirmou ontem à noite o antigo líder do partido na SIC-Notícias.

O ex-provedor da Santa Casa diz que não está “zangado” com Rui Rio, mas confirma que sugeriu “alguns nomes relevantes” para as listas conjuntas aos órgãos do PSD e que acabaram por não ser acolhidos. Foi o caso do antigo embaixador Martins da Cruz. “Era para ter ficado nas listas ao Conselho Nacional e aí colaboraria e que ficou combinado que estaria no Conselho Estratégico”, afirmou, avançando com outros exemplos de nomes que Rio não aceitou: o presidente da Câmara de Óbidos Humberto Marques e um elemento de Macau, Vítor Rosário Cardoso, que deveria ter ficado à frente do gabinete dos emigrantes.

Santana Lopes não quis assumir que foi traído nem que anda a conspirar e muito menos que está disposto a liderar a oposição interna — “não posso nem quero”. Mas admite afastamento com o líder do PSD desde o congresso. “Só confirmo que não tem havido trabalho nenhum conjunto. Rio procurou juntar no congresso e depois nada mais”, afirmou.

Esta terça-feira, o jornal i avançava que havia “ruptura” entre os dois sociais-democratas, depois de um acordo para as listas conjuntas aos órgãos do PSD no congresso de Fevereiro. Ao PÚBLICO, o ex-director de campanha de Santana Lopes, João Montenegro, disse que o antigo líder ficou incomodado depois de ver que Rio não acolheu nenhuma das suas sugestões de nomes para o Conselho Estratégico Nacional, e que na altura foram aceites pelo líder do partido. João Montenegro disse haver uma “ruptura” com Rio e que o ex-líder “pode romper com a solidariedade que existiu até agora e começar a fazer oposição interna”.

Os dois adversários das directas do PSD chegaram a acordo sobre listas para o Conselho Nacional, Conselho de Jurisdição, Instituto Sá Carneiro e Conselho Estratégico Nacional. Este órgão que está inscrito nos estatutos do PSD, embora na altura em que Santana e Rio chegaram a acordo sobre as listas não era conhecida a configuração que o agora líder do partido veio a dar.

Santana fez sugestões sobre “um conjunto de nomes” para o Conselho Estratégico Nacional, que é visto como um Governo-sombra do PSD, mas nenhum foi acolhido, segundo João Montenegro, admitindo que isso causou “muito incómodo”. Nas negociações deste acordo, Rio estava representado por Salvador Malheiro, actual vice-presidente do PSD, que “aceitou” os nomes propostos, segundo João Montenegro.

Não é a primeira vez que os dois adversários nas directas mostram que há fricções em público. Há um mês, Santana Lopes disse na SIC que estava na altura de Rio “inaugurar a sua liderança” no partido. Uma frase que o líder social-democrata disse ser uma crítica à oposição interna, como o próprio Santana lhe teria dito num telefonema — comentador da SIC veio desmentir essa ideia.

Menezes volta atacar

O ex-líder do PSD mostrou-se favorável à assinatura de acordos com o PS sobre matérias estruturais, mas essa ideia parece não ser consensual no partido. Luís Filipe Menezes, outro ex-líder do PSD, sustenta que o partido só deveria fazer acordos com o PS sobre política externa, sobretudo política europeia, justiça, segurança interna e arquitectura constitucional. E lembra que “ninguém nas bases ou dirigentes intermédios do PSD conhece o que vai ser assinado” nesta quarta-feira e que as assinaturas só serão válidas depois de os textos serem aprovados em Conselho Nacional. “Podem ser ratificados, mas tal é um procedimento mais próprio do PCP do que do PSD”, critica o ex-líder social-democrata considerando ainda que o acordo é não só com o PS mas sim com a “geringonça”.

A visão de Rui Rio é outra: o PSD está disponível para “todos os acordos estruturais de que o país precise”.