Google põe livros a responder a pessoas
O sistema olha para todas as frases em mais de 100 mil livros para encontrar uma resposta que poderia surgir numa conversa.
Os livros da biblioteca online do Google estão a tentar responder directamente às perguntas das pessoas graças a uma nova ferramenta de inteligência artificial chamada “Fala com Livros” (Talk to Books, no original). Quando se escreve algo neste novo motor de busca, o modelo matemático olha para todas as frases em mais de 100 mil livros na base de dados da empresa para encontrar a resposta mais provável de surgir numa conversa.
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Os livros da biblioteca online do Google estão a tentar responder directamente às perguntas das pessoas graças a uma nova ferramenta de inteligência artificial chamada “Fala com Livros” (Talk to Books, no original). Quando se escreve algo neste novo motor de busca, o modelo matemático olha para todas as frases em mais de 100 mil livros na base de dados da empresa para encontrar a resposta mais provável de surgir numa conversa.
O objectivo é continuar melhorar as redes neuronais que o Google usa: são sistemas de inteligência artificial inspirados no cérebro humano e que neste caso tentam analisar o contexto das frases. “Isto não se limita a combinar palavras-chave”, explica a equipa responsável num comunicado. “É uma forma de permitir aos algoritmos aprenderem as relações entre palavras com base em exemplos reais.”
O projecto faz parte de um conjunto de "experiências semânticas” que o Google lançou este mês. Pelo meio, a empresa espera que os utilizadores possam também descobrir novos livros para ler.
O PÚBLICO testou a ferramenta. Para a pergunta “Porque é que as pessoas lêem?”, o sistema respondeu “Lemos porque queremos ver o que os outros estão a pensar, sentir, ver; como respondem às frustrações, felicidades e vícios” (do livro Best American Short Stories). Já para “As pessoas não gostam de muita coisa...”, o sistema avança: “As pessoas são pessoas, e a maioria das pessoas não gosta de algo” (do livro Killer Facebook Ads). Estas respostas surgem destacadas a negrito entre excertos maiores dos livros. Há várias respostas para cada pergunta, ordenadas de acordo com a relevância que o sistema do Google lhes atribui.
Qualquer pessoa pode testar o modelo. Para já, o sistema parece ser melhor a responder a perguntas factuais (por exemplo, “O que é a pena de morte?”, “Quando foi a revolução francesa?”) do que a perguntas abertas, mas, de acordo com a empresa, a grande motivação é mostrar aos utilizadores como é que o Google treina os sistemas de inteligência artificial que já usa.
Além do motor de busca para livros, o Google também lançou um jogo interactivo chamado Semantris. Aqui, a inteligência artificial avalia a capacidade das pessoas para encontrem semelhanças entre palavras diferentes. Numa das versões do jogo, o objectivo é escrever uma palavra associada a outra. Por exemplo, o jogo sugere “maçã” e alguém pode responder “fruta”.
“A compreensão de linguagem natural [por parte das máquinas] evoluiu substancialmente nos últimos anos”, lê-se na apresentação do projecto. “Isto acontece, em parte, devido ao desenvolvimento de vectores que ajudam algoritmos a aprender a relação entre palavras, com base em exemplos de linguagem.” Aqueles vectores permitem criar mapas em que se vê a proximidade de frases com significados semelhantes.
Ao utilizar as novas ferramentas, o Google também consegue acumular mais dados (por exemplo, sobre as perguntas mais feitas ao Fala com Livros) para melhorar os sistemas e ajudar os seus programas a perceber melhor os humanos.