Alunos querem aulas mais interactivas e mais curtas para aprender melhor

Os jovens consideram que é essencial para as suas aprendizagens "sentirem-se acolhidos na escola". Dizem que os intervalos deveriam ser maiores e as aulas mais curtas.

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Enric Vibes Rubio

Aulas mais práticas e interactivas, mas também mais curtas e intervalos mais longos que permitam conviver com os colegas, são recomendações de centenas de alunos para uma escola "onde dá vontade de estar e aprender mais".

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Aulas mais práticas e interactivas, mas também mais curtas e intervalos mais longos que permitam conviver com os colegas, são recomendações de centenas de alunos para uma escola "onde dá vontade de estar e aprender mais".

Esta a opinião de muitos dos 2643 alunos de 50 escolas, de norte a sul do país, que foram convidados há um ano a pensar no que está bem e no que pode ser melhorado para que as escolas funcionem melhor. Os alunos passam a maior parte do dia na escola e muitos querem vê-la como uma segunda casa, com funcionários que os ajudam e professores com quem mantêm uma boa relação.

As sugestões dos estudantes, do 7.º ao 12.º ano, foram nesta segunda-feira apresentadas publicamente em Lisboa, numa cerimónia que contou com a presença do secretário de Estado da Educação, João Costa, que garantiu que as ideias dos alunos "têm sido muito importantes" para o trabalho feito no ministério.

As opiniões dos estudantes sintetizam-se em 11 grandes recomendações e João Costa começou por sublinhar a ideia que mais o surpreendeu: os jovens consideram que é essencial para as suas aprendizagens "sentirem-se acolhidos na escola".

Os alunos acreditam que os professores fazem a diferença, principalmente quando ensinam, mas também quando criam uma boa relação com a sua turma, não existindo uma relação de superioridade.

"Os professores conseguem dar-nos vontade, ou não, de estar numa sala de aula e aprender aquela matéria", lê-se no livro Prós da Educação Inspiram, divulgado nesta segunda e  que resume as posições dos estudantes.

Os alunos dizem que aprendem mais quando as aulas são mais curtas e dinâmicas e as matérias são dadas num ambiente divertido e relaxado.

"A sala de aula não pode ser um silenciador", alertou João Costa, criticando as aulas expositivas, em que não há troca de opiniões.

No entanto, o secretário de Estado sublinhou que a maioria das escolas faz um trabalho incrível, apesar de reconhecer que ainda existem algumas onde "às vezes parece que é mais importante ter o aluno adormecido do que acordado", lamentou.

Mas o que é que ajuda a ter vontade de ir para a escola? Especialistas dizem que é conhecer melhor os colegas, o que é possível quando trabalham juntos na sala de aula, mas também através de actividades entre turmas e outros convívios.

Aulas de 90 minutos suscitam queixas

"Ter amigos na escola é saber que há alguém à minha espera", lê-se no livro, que refere que os "amigos" foi um tema abordado nas 50 escolas.

Também nas 50 escolas os alunos se queixaram das aulas de 90 minutos, reconhecendo que não é possível estar concentrado durante tanto tempo, defendendo que deveriam ter a duração máxima de uma hora.

Em sentido contrário, os intervalos deveriam ser maiores, para que pudessem conviver, descansar e recarregar baterias, caso contrário, com pausas demasiado curtas, "os alunos vão para as aulas e acham que ainda estão no intervalo".

Escolas onde se pode fazer desporto ou teatro, assim como intercâmbios, festas ou voluntariado também seriam espaços mais interessantes, até porque seria uma oportunidade para descobrir outros talentos e conhecer novos colegas.

Os alunos não se esqueceram da importância dos funcionários, sublinhando que é essencial ser recebido de manhã com um sorriso e saber que existe sempre alguém a quem podem recorrer: "Sem funcionários, a escola fecha."

Uma escola onde se sintam confortáveis, cantinas com refeições variadas, alterar o peso dos testes na avaliação, que devia passar a ter mais em conta o trabalho realizado na sala de aula e mais liberdade na escolha das matérias que se aprendem são outras das propostas dos estudantes.

João Costa lembrou que muitas das ideias dos alunos já eram defendidas por especialistas, como os métodos activos na sala de aula ou a maior liberdade dada às escolas, que já está em curso através do programa de flexibilidade curricular.