Câmara admite necessidade de reabilitação do Estádio 1.º de Maio
Classificado como Monumento de Interesse Público desde 2012, o estádio inaugurado há quase 70 anos está degradado em algumas zonas das bancadas, já interditas.
Erguido em pedra e betão armado, segundo um desenho oval, junto ao Parque da Ponte, o Estádio 1.º de Maio está hoje num “estado de degradação muito considerável”, com zonas das bancadas já interditas à utilização pública em virtude dos “riscos de ruína de infra-estruturas”, reconheceu o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio.
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Erguido em pedra e betão armado, segundo um desenho oval, junto ao Parque da Ponte, o Estádio 1.º de Maio está hoje num “estado de degradação muito considerável”, com zonas das bancadas já interditas à utilização pública em virtude dos “riscos de ruína de infra-estruturas”, reconheceu o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio.
“Tivemos de salvaguardar as condições de segurança. Isso é absolutamente lamentável. Estamos a falar de um monumento”, disse, à margem da reunião do executivo municipal de segunda-feira, em que foi aprovada a cedência do ginásio do estádio ao Núcleo de Escalada, Montanhismo e Alpinismo, associação do concelho.
Inaugurado em 1950 como Estádio 28 de Maio, em homenagem ao golpe que instaurou a ditadura militar e abriu caminho ao Estado Novo, numa cerimónia com as presenças de António de Oliveira Salazar e o então Presidente da República, Óscar Carmona, o recinto desenhado por Travassos Valdez, em 1946, é um dos poucos exemplares de arquitectura desportiva desse período histórico.
Com o nome alterado para 1.º de Maio após o 25 de Abril, o recinto acolheu a equipa de futebol do Sporting de Braga até 2004, quando passou a utilizar o novo estádio municipal. Hoje, alberga a secção de atletismo e a equipa B do clube, que milita na Segunda Liga de futebol, bem como algumas bandas em salas cedidas pelo município, precisando, segundo Ricardo Rio, de uma requalificação, que está a ser preparada em conjunto com a Universidade do Minho, mas não tem ainda data para arrancar.
Certo é que as intervenções para repor as condições de segurança nas zonas degradadas vão requerer um investimento de milhões de euros, estimou o autarca. A seu ver, tais obras deveriam ser comparticipadas com fundos comunitários direccionados para a valorização do património. “Não estou a exigir ao Estado que faça o investimento numa propriedade municipal, mas que, pelo menos, viabilize a canalização de fundos comunitários para esse fim”, explicou.
Além da degradação e das zonas já vedadas, o vereador da CDU, Carlos Almeida, que lançou o tema, destacou ainda as infiltrações em muitos dos espaços, quando chove, e pediu maior dignidade para um espaço que, a seu ver, já deveria ter sido reabilitado por volta de 2004, ano em que o Estádio Municipal de Braga, desenhado por Eduardo Souto Moura, foi um dos palcos do europeu de futebol.
Com um custo total a rondar os 150 milhões de euros, mais do dobro do que estava inicialmente orçado, o Estádio Municipal de Braga vai, ao longo do mandato iniciado em Outubro passado, exigir aos cofres municipais os mesmos 30 milhões de euros que exigiu entre 2013 e 2017, assumiu Ricardo Rio. Para o vereador comunista, tais valores seriam suficientes para ter hoje o Estádio 1.º de Maio em “excelentes condições” e eventualmente um outro estádio “por um valor consideravelmente mais baixo”. “O investimento no novo estádio tornou muito mais difícil uma reabilitação justa e necessária no Estádio 1.º de Maio”, reiterou.
Autarquia rejeita cedência de terrenos ou instalações à Judiciária
Nenhum terreno ou instalação de que a Câmara Municipal de Braga seja proprietária vai ser cedida ao Estado para albergar a Polícia Judiciária (PJ) de Braga, prometeu Ricardo Rio. Após a secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Helena Ribeiro, ter dito, na quinta-feira, que o Estado admitia mudar para outros concelhos as instalações daquele núcleo da PJ, a seu ver, “as piores do país”, com vários funcionários sem luz natural para trabalharem, o autarca disse que o município pode ajudar o Governo a encontrar soluções para o problema, mas não servir de “barriga de aluguer para as suas obrigações”.
“Não vai ser a Câmara Municipal a ceder instalações por dois motivos: primeiro, porque não as tem, e, segundo, porque não é sua obrigação”, disse, sublinhando que o Estado pede sempre contrapartidas quando os municípios querem utilizar instalações que lhe pertencem.
Carlos Almeida concordou que o município, apesar de dever manter a PJ, não deve ceder ao que considerou ser uma “espécie de chantagem da administração central”, enquanto Artur Feio, vereador do PS, frisou que a Câmara deve, em conjunto com o Governo, “encetar todos os esforços” para uma solução de compromisso que mantenha a PJ em Braga.