Governo, Eurogrupo ou Comissão Europeia: por onde passa o futuro de Centeno?

Um ano depois da notícia de que teria sido sondado para líder do Eurogrupo, o ministro das Finanças surge como possível comissário europeu. Já Paulo Pedroso vai para o Banco Mundial

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Há pouco mais de um ano, a 31 de Março de 2017, o Expresso noticiava em manchete que o ministro Mário Centeno estaria a ser sondado para substituir Jeroen Dijsselboem na presidência do Eurogrupo. "Socialistas europeus procuram nome do Sul da Europa para suceder ao holandês na presidência do Eurogrupo. Mário Centeno já foi sondado, mas António Costa não quer ver o seu ministro das Finanças dividido entre Lisboa e Bruxelas", escrevia a jornalista Luís Meireles.

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Há pouco mais de um ano, a 31 de Março de 2017, o Expresso noticiava em manchete que o ministro Mário Centeno estaria a ser sondado para substituir Jeroen Dijsselboem na presidência do Eurogrupo. "Socialistas europeus procuram nome do Sul da Europa para suceder ao holandês na presidência do Eurogrupo. Mário Centeno já foi sondado, mas António Costa não quer ver o seu ministro das Finanças dividido entre Lisboa e Bruxelas", escrevia a jornalista Luís Meireles.

A notícia tornou-se realidade meses mais tarde. No dia 12 de Janeiro deste ano, o português Mário Centeno assumiu o cargo até então desempenhado pelo holandês que ficou conhecido por insinuar que os países intervencionados da Europa não deviam gastar tudo em copos e mulheres.*

Este sábado, o mesmo semanário avança com uma nova tese sobre o ministro: "Mário Centeno na calha para comissário europeu". O primeiro-ministro considera a ideia, que anteriormente foi defendida na SIC por Marques Mendes, demasiado prematura, mas não a nega peremptoriamente. "Ainda ninguém está a pensar no assunto", disse António Costa ao jornal.

Já a socialista Ana Gomes, eurodeputada, defendeu ao Expresso que "faria todo o sentido que alguém com o perfil de Centeno fosse comissário", uma posição que vai ao encontro da do deputado Paulo Trigo Pereira, também citado pelo jornal, de acordo com quem o ministro "tem competência mais do que bastante" para o cargo.

Segundo o Expresso, a hipótese desta "promoção" pode colocar-se porque, como a instituição Eurogrupo não está prevista nos tratados europeus, há a possibilidade de esse grupo informal de ministros das Finanças da zona euro ser integrado na estrutura da Comissão Europeia. A liderança do Eurogrupo poderá, assim, passar a ser assegurada pelo comissário com a pasta dos Assuntos Económicos e Financeiros (em regime de acumulação), que terá "um nível semelhante ao de vice-presidente da Comissão", lê-se no artigo.

Nesta solução, Mário Centeno nem sequer precisaria de manter-se num eventual futuro governo do PS caso o partido ganhasse as legislativas de 2019. De qualquer forma, Ana Catarina Mendes já disse ao PÚBLICO, em entrevista, que "gostaria de ver Centeno num próximo Governo do PS”, desde logo porque nunca, em Portugal, "tivemos um ministro das Finanças tão bem aceite pelos portugueses”.

Os principal problema com que Mário Centeno se depara chama-se Carlos Moedas. Por um lado, Portugal já tem um lugar entre os comissários europeus e é pouco provável que venha a ter dois e, por outro lado, o trabalho desenvolvido por Moedas agrada a todos, tornando-se, por isso, difícil dispensá-lo. As eleições europeias de 2019 podem ajudar a tomar decisões, mas tudo parece indicar que Mário Centeno não pretende chegar às legislativas de 2019 como ministro das Finanças ou, pelo menos, não deverá assumir-se como recandidato ao posto.

Num outro artigo, o Expresso acrescenta as informações de que o "percurso pessoal de Centeno preocupa o Presidente da República". De acordo com o jornal, Marcelo Rebelo de Sousa espera que "a condução da política interna não seja excessivamente condicionada pela ambição europeia do ministro das Finanças". 

Paulo Pedroso no Banco Mundial

Entretanto, o Expresso noticiou que o ministério de Centeno indicou o socialista Paulo Pedroso para representar Portugal no Banco Mundial, em Washington, no grupo eleitoral de Itália, Portugal, Albânia, Grécia, Malta, São Marinho e Timor-Leste. O ex-ministro de António Guterres será director executivo suplente a partir da próxima segunda-feira. 

A vaga estava por preencher desde Janeiro, altura em que Nuno Mota Pinto, ex-administrador do banco, voltou a Portugal para integrar a equipa da administração do Montepio. O mandato deverá ter a duração de dois anos.

* A frase exacta de Dijsselboem, proferida em declarações ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung foi: "Quem a exige [a solidariedade] também tem obrigações. Não posso gastar todo o meu dinheiro em copos e mulheres, e depois pedir ajuda. Este princípio aplica-se a nível pessoal, local, nacional e inclusivé a nível europeu".