Presidente italiano dá “alguns dias” aos partidos para formarem governo

Se os dirigentes não se entenderem, Mattarella vai decidir entre pedir a um deles que tente negociar uma maioria ou escolher alguém para mediar as discussões.

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Mattarella quis avisar os partidos que o tempo para um entendimento já escasseia Alessandro Di Meo/EPA

Depois de uma segunda ronda de audiências com os líderes dos partidos italianos, Sergio Mattarella avisa os dirigentes que não podem continuar sem apresentar progressos na formação de uma maioria para governar. Se estes não forem capazes, será o Presidente italiano a decidir como sair deste “impasse” – provocado pela ausência de maiorias nas legislativas de 4 de Março.

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Depois de uma segunda ronda de audiências com os líderes dos partidos italianos, Sergio Mattarella avisa os dirigentes que não podem continuar sem apresentar progressos na formação de uma maioria para governar. Se estes não forem capazes, será o Presidente italiano a decidir como sair deste “impasse” – provocado pela ausência de maiorias nas legislativas de 4 de Março.

Os obstáculos de há uma ou duas semanas são os mesmos de agora: o Movimento 5 Estrelas, partido mais votado (32%), recusa trabalhar com Silvio Berlusconi, cujo partido integra a coligação de direita, a mais votada (37%). Matteo Salvini, líder da Liga e agora também da coligação (a Liga ultrapassou a Força Itália), recusa, para já, deixar cair o ex-primeiro-ministro.

Na quinta-feira, Salvini levou Berlusconi e Georgia Meloni (Irmãos de Itália) para o encontro com o Presidente, dando assim imagem de uma coligação unida. Mas como habitualmente o ex-líder da direita não se conteve e decidiu falar aos jornalistas no fim da audiência para acusar o M5S de “ignorar as bases da democracia”. Nem Salvini nem Meloni pareceram satisfeitos a ouvir Berlusconi, enquanto Luigi di Maio (líder do 5 Estrelas) teve outro pretexto para lhe pedir que “se afaste” e permita a formação de um executivo.

“Aquela saída de Berlusconi? Não muda nada. Estou mais atento à substância do que à forma. Nós estamos prontos”, afirmou esta sexta-feira Salvini, citado pelo jornal La Stampa. “É verdade, temos dois vetos, de parte a parte, entre a Força Itália e o M5S. Eu peço a todos que sejam responsáveis. Se continuamos assim, fartam-se os italianos, farto-me eu e daqui a uns meses voltamos às urnas. Portanto, ou param eles com isso ou se vota”.

Berlusconi não tem nenhum interesse em novas eleições: todas as sondagens realizadas mostram o M5S e a Liga a subir em relação ao resultado eleitoral, com o seu partido a descer. Quem também não deve estar muito interessado em ir a votos é o centro-esquerda do Partido Democrático, dividido entre os que defendem que após a derrota que sofreu deve fazer oposição e os que gostariam de tentar governar com o 5 Estrelas.

“Salientei junto das várias forças políticas a necessidade do nosso país ter um governo em plenitude de funções”, diz Mattarella. “As expectativas dos nossos cidadãos, os conflitos no comércio internacional, os prazos para que sejam tomadas decisões importantes e iminentes na UE, o agudizar de tensões internacionais em áreas não longe de Itália [Síria], tudo isto exige que os partidos concluam positivamente conversações que permitam atingir o objectivo”, destacou.

Se isso não acontecer em breve, Mattarella deverá optar por uma de duas opções – ou pede a Di Maio (ou a Salvini) para tentar formar governo (“mandato preliminar”) ou escolhe uma figura com peso (o líder de uma das câmaras do Parlamento, por exemplo, para mediar as discussões (“mandato exploratório”).