Pilar del Río preside ao júri que escolherá o novo concessionário do Teatro Maria Matos

As candidaturas à nova gestão do espaço lisboeta, cuja passagem para a esfera privada foi alvo de contestação, podem ser entregues até 14 de Maio. Renda mensal será de três mil euros.

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Pilar del Río foi escolhida para presidir ao júri deste concurso DANIEL ROCHA

A EGEAC lançou esta sexta-feira o concurso público que definirá a nova vida, privada, do Teatro Maria Matos – um dia após o anúncio dos concertos com que se despedirá, entre Maio e Junho, a sala municipal tal como a conhecemos na sua última encarnação, sob a direcção artística de Mark Deputter. Os candidatos à concessão, que terá o prazo de cinco anos renováveis mediante avaliação do projecto artístico e custará à entidade a que for confiada uma renda mensal de três mil euros, têm até 14 de Maio para entregar as suas propostas. O júri que as avaliará é encabeçado pela presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, e composto ainda pelos vogais Joana Gomes Cardoso (presidente do conselho de administração da EGEAC), Natália Luiza (actriz e encenadora), Nuno Galopim (jornalista e radialista) e Jorge Louraço (dramaturgo e ex-crítico do PÚBLICO).

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A EGEAC lançou esta sexta-feira o concurso público que definirá a nova vida, privada, do Teatro Maria Matos – um dia após o anúncio dos concertos com que se despedirá, entre Maio e Junho, a sala municipal tal como a conhecemos na sua última encarnação, sob a direcção artística de Mark Deputter. Os candidatos à concessão, que terá o prazo de cinco anos renováveis mediante avaliação do projecto artístico e custará à entidade a que for confiada uma renda mensal de três mil euros, têm até 14 de Maio para entregar as suas propostas. O júri que as avaliará é encabeçado pela presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, e composto ainda pelos vogais Joana Gomes Cardoso (presidente do conselho de administração da EGEAC), Natália Luiza (actriz e encenadora), Nuno Galopim (jornalista e radialista) e Jorge Louraço (dramaturgo e ex-crítico do PÚBLICO).

Apesar da abertura formal do concurso, o caderno de encargos e demais documentação relativa aos termos da concessão continuavam por disponibilizar até ao final desta sexta-feira, não tendo a EGEAC podido precisar ao PÚBLICO quando ficarão acessíveis, e remetendo até lá paras as linhas orientadoras aprovadas na reunião de Câmara de 16 de Fevereiro. Ali se define que os novos gestores do teatro terão como missão fazer dele um “pólo de forte atracção cultural”, capaz de “gerar uma dinâmica inovadora e de atrair públicos diversos”, através de uma programação “ancorada na diversidade de propostas pluridisciplinares para o grande público” que deverá abranger o “teatro nos seus vários géneros (drama, comédia, etc)” e privilegiar “espectáculos de média/longa duração”.

Segundo as linhas gerais do concurso, o novo concessionário deverá assumir o compromisso de “manter o Maria Matos como um equipamento-âncora na zona em que se insere” e de assegurar “um projecto artístico de reconhecido mérito, com identidade própria (…) e capaz de contribuir para o enriquecimento e [a] diversificação da oferta cultural no domínio das artes do espectáculo na cidade”. Caber-lhe-á ainda garantir “a manutenção dos investimentos efectuados no edifício e equipamentos integrantes”. Além da programação, o júri terá em conta, na sua avaliação, “a pertinência e a diferenciação do projecto no contexto cultural da cidade e do território envolvente”, uma “estratégia de captação de públicos que contemple dimensão social” e a capacidade técnico-artística e financeira demonstrada pelos proponentes. 

A mudança da natureza da gestão do Maria Matos, que passará para a esfera privada, não esteve isenta de polémica, tendo sido contestada por PCP e Bloco de Esquerda e motivado uma petição pública subscrita por mais de 2750 pessoas, entre as quais se incluíam o ex-director do teatro, agora à frente da Culturgest, Sérgio Hydalgo, programador da Galeria Zé dos Bois, a coreógrafa Clara Andermatt, o encenador e dramaturgo Ricardo Neves Neves e quase 60% dos trabalhadores da própria EGEAC. Entregue em Fevereiro à vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, a petição defendia que a concessão deste teatro municipal a privados anularia o trabalho de “formação de recursos humanos, a capacitação de agentes culturais e a formação de públicos diferenciados” desenvolvido nos últimos dez anos, oferecendo “os seus frutos de mão beijada à entidade à qual vier a ser concessionado, pondo em causa a vocação pública que este equipamento conquistou, e empobrecendo a cidade e o território onde se insere”.

Apesar da contestação, a Câmara Municipal manteve-se firme nas suas intenções, reveladas por Catarina Vaz Pinto em Dezembro do ano passado numa entrevista ao PÚBLICO, e inscritas no âmbito de uma mais profunda reorganização da rede de teatros públicos da cidade. Foi também anunciada então uma nova vida para o Teatro Luís de Camões, em Belém, que deverá concentrar-se numa programação infanto-juvenil, e para o Teatro do Bairro Alto, que durante décadas foi a casa da Cornucópia e agora deverá herdar parte das missões até aqui cumpridas pelo Maria Matos. Lançado a 28 de Fevereiro, o concurso público para a gestão e a direcção artística do Teatro do Bairro Alto fechou no passado dia 6 de Abril.