Manda-lhes memórias de Coura e eles fazem um filme (com música)
Como viveu Paredes de Coura as primeiras edições do festival? Um colectivo artístico quer responder a esta pergunta com um documentário construído a partir de fotografias e vídeos amadores que será apresentado em formato cine-concerto
A todos, liga-os Paredes de Coura. E quem o diz sobre o MODS Collective, colectivo que junta cinema e música improvisada, também o diz sobre muitos outros grupos que em comum têm o festival.
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A todos, liga-os Paredes de Coura. E quem o diz sobre o MODS Collective, colectivo que junta cinema e música improvisada, também o diz sobre muitos outros grupos que em comum têm o festival.
Partindo dessa memória colectiva, o grupo de artistas nacionais, ligado à associação cultural Capivara Azul, sediado em Guimarães, anda à procura de fotografias e vídeos amadores que mostrem como era Paredes de Coura antes de a música lhe dar outro significado. “Estamos interessados em perceber como é que Coura viveu as primeiras edições do festival”, explica Luísa Alvão, uma das realizadoras do documentário que vai explorar o material recebido durante a chamada pública, a decorrer até 30 de Abril.
Mais do que vídeos das bandas a actuar — o próprio documentário vai depois ser apresentado em formato de cine-concerto, durante o festival —, o grupo quer ver registos “dos primeiros mergulhos na praia do Taboão”, “do sítio onde deixaste a tua primeira tenda” ou “das incursões inaugurais pela vila minhota” dos primeiros participantes no festival. “Quando pensamos na vila é impossível não pensar no festival de música”, diz a realizadora, que vai analisar os primeiros momentos de “intimidade” entre os dois.
A Luísa Alvão, que tem vindo a investigar a “relação entre comunidades e elementos icónicos do seu património e geografia”, junta-se Inês Vila Cova, convidada pelo colectivo para integrar o projecto, autora do documentário Da gente se fez história, feito, precisamente, a partir de um arquivo de imagens amadoras em VHS sobre os habitantes da zona piscatória das Caxinas.
Mas os primeiros anos de um festival que começou em 1993 não foram registados com um smartphone. Por isso, o colectivo está disposto a encontrar-se pessoalmente com quem disponibilize vídeos em VHS ou DVD que ainda não tenham sido convertidos para um formato digital, garante Luísa Alvão. Já as fotografias, digitalizadas, devem ser enviadas por email para coura@capivara-azul.pt.
Com o material disponibilizado, o MODS Collective vai produzir um filme documental e dar-lhe música ao vivo (e improvisada). A improvisação está na base do conjunto de trabalhos do grupo que começou “na desportiva”. Agora, já é um caso sério: esta semana, por exemplo, o colectivo está em residência artística em Malta a trabalhar com músicos do país para um espectáculo musical feito a partir de dois filmes de Cecil Satariano, no âmbito da programação da Capital Europeia da Cultura, que este ano é partilhada por Valetta e Leeuwarde
Ainda não há um dia definido para apresentar o próximo projecto, já em Coura, diz Samuel Silva, um dos fundadores do colectivo e jornalista do PÚBLICO. Sabe-se só que irá ser exibido num dos dias da edição comemorativa dos 25 anos do festival de rock, de 15 a 18 de Agosto. O concerto deverá integrar dez músicos dirigidos por Samuel Martins Coelho, outro dos fundadores do colectivo, que em 2017 já esteve no palco principal do Festival Paredes de Coura enquanto formador da Escola do Rock. Já sabemos as memórias deles — ficam a faltar as tuas.