A Venezuela está em chamas na foto do ano da World Press Photo

O fotógrafo venezuelano Ronaldo Schemidt, da agência France-Presse, ganhou o prémio principal do concurso.

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O júri do concurso World Press Photo atribuiu o prémio de fotografia do ano ao retrato de um manifestante em chamas na Venezuela, captado, no auge dos protestos contra o presidente Nicolás Maduro, pelo fotógrafo Ronaldo Schemidt, da agência France-Presse.

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O júri do concurso World Press Photo atribuiu o prémio de fotografia do ano ao retrato de um manifestante em chamas na Venezuela, captado, no auge dos protestos contra o presidente Nicolás Maduro, pelo fotógrafo Ronaldo Schemidt, da agência France-Presse.

De uma shortlist de seis finalistas que incluía um perturbador registo da fuga dos rohingya à perseguição do regime birmanês, o delicado retrato de uma mulher raptada pelo Boko Haram, uma imagem das operações de socorro aos feridos de mais um ataque terrorista em Londres e dois testemunhos da luta diária pela sobrevivência da população civil durante a Batalha de Mossul, o júri privilegiou esta "fotografia clássica", destacando a sua "energia instantânea" mas também o seu simbolismo.

A imagem, que também ganhou o primeiro prémio na categoria de Notícia, mostra um manifestante em chamas, na sequência da explosão do depósito de combustível de uma motorizada da Guarda Nacional da Venezuela, durante confrontos com a polícia em Caracas. José Víctor Salazar Balza, de 28 anos, sobreviveu ao incidente com queimaduras de primeiro e segundo grau — e protagoniza também, inusitadamente, a imagem de um outro fotógrafo da AFP, Juan Barreto, que ficou em terceiro lugar na categoria de Notícia nos prémios entregues esta quinta-feira em Amesterdão.

Actualmente radicado no México, Ronaldo Schemidt estava de costas, "a poucos metros" de Balza, quando sentiu "o calor das chamas", contou em Fevereiro ao British Journal of Photography. "Tudo se passou em poucos segundos, por isso eu não sabia o que é que estava a fotografar. Guiei-me pelo instinto, foi tudo muito rápido. Não parei de disparar até perceber o que é que estava a acontecer. Uma pessoa em chamas corria na minha direcção."

"É uma fotografia clássica, mas tem uma energia e uma dinâmica instantâneas. As cores, o movimento... e a composição é óptima, tem força. Senti uma emoção imediata", justificou a presidente do júri, Magdalena Herrera. Whitney C. Johnson, director-adjunto do departamento de fotografia da National Geographic, preferiu destacar o simbolismo da imagem: "O homem tem uma máscara. É como se se representasse não apenas a si próprio, e a si próprio em chamas, mas a própria ideia de uma Venezuela a arder."

Mas além do protagonista também há outros detalhes desta imagem que falam, como notou outro membro do júri, Bulent Kiliç, fotógrafo-chefe da France-Presse na Turquia: "Há uma arma na parede. Diz 'paz'. Isso também lhe dá força." Assim como dá força à ideia de protesto em geral, acrescenta o fotojornalista Eman Mohammed, citado pelo comunicado da World Press Photo: "É uma imagem que dá aquela sensação de mais poder ao povo. Àqueles que se manifestam."

As fotos vencedoras:

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