Zuckerberg lembrou que as pessoas são livres de deixar o Facebook

O presidente da rede social foi questionado num tom mais agressivo na Câmara dos Representantes, mas as perguntas trouxeram poucas novidades.

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Zuckerberg não deu grandes novidades no seu segundo dia em Washington Reuters/AARON P. BERNSTEIN

Os utilizadores do Facebook podem escolher sair a qualquer altura. A ideia foi frisada pelo próprio Mark Zuckerberg, durante uma longa audição no Congresso norte-americano. “A decisão é deles”, disse Zuckerberg, que não parecia convencido com a ideia avançada pelos congressistas de uma rede social em que tudo é privado à partida.

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Os utilizadores do Facebook podem escolher sair a qualquer altura. A ideia foi frisada pelo próprio Mark Zuckerberg, durante uma longa audição no Congresso norte-americano. “A decisão é deles”, disse Zuckerberg, que não parecia convencido com a ideia avançada pelos congressistas de uma rede social em que tudo é privado à partida.

Esta quarta-feira, Zuckerberg voltou a responder a perguntas sobre o papel da rede social na democracia. Desta vez, foi ouvido pela Câmara dos Representantes do Congresso sobre a “transparência e uso dos dados dos consumidores.” Foi lá que admitiu ser um dos 87 milhões de utilizadores cujos dados foram utilizados pela Cambridge Analytica – a empresa de consultoria que criou campanhas políticas personalizadas com base em informação recolhida de perfis do Facebook. Agora “está a explorar” a possibilidade de processar aquela empresa, bem como o investigador que vendeu a informação à consultora e quer ainda investigar a própria universidade de Cambridge.

Apesar do tom mais agressivo do que na audição desta terça-feira no Senado, surgiram poucas novidades entre as muitas perguntas repetidas, alguma falta de informação (por parte de quem fazia as perguntas), e pedidos de desculpa repetidos pelo criador da rede social.

Uma das falhas apontadas por vários congressistas foi a ausência de definições que impõem “privacidade por defeito” nos conteúdos partilhados. Para Zuckerberg, porém, a escolha deve ser dos utilizadores. Repetiu que são as pessoas que controlam os dados, e que, em último caso, podem sempre apagar as contas que têm na plataforma. “A principal forma do Facebook funcionar é que as pessoas escolhem partilhar dados”, frisou Zuckerberg. “É impossível a nossa plataforma existir sem a possibilidade dos utilizadores entrarem na nossa plataforma, escolherem partilhar informação, e com quem é que a querem partilhar.”

Questionado sobre a possibilidade de a rede social ser “viciante” (e retirar por isso poder de escolha), Zuckerberg diz que o Facebook tem estudado os efeitos da tecnologia no bem-estar das pessoas e que os benefícios advêm da possibilidade de “criar conexões com outras pessoas”.

O novo Regulamento Europeu de Protecção de Dados, que entrará em vigor em Maio, foi também mencionado várias vezes pelos congressistas. “É inevitável que é preciso regulação, mas é preciso ter cuidado com o tipo de regulações que entram em vigor”, notou o executivo, chamando a atenção para pequenas empresas que utilizam o Facebook e precisam de anunciar os seus produtos e chegar aos utilizadores.

O responsável do Facebook voltou a dizer que “não vende os dados das pessoas” e a repetir promessas feitas ao longo das últimas semanas. Além disso, referiu repetidamente o investimento na inteligência artificial como importante para prevenir futuros abusos e ajudar a monitorizar conteúdo na plataforma.

Mais de três horas depois da sessão começar, Zuckerberg foi questionado sobre se concordava “que o Facebook magoa as pessoas”. O fundador evitou responder directamente preferindo dizer que é impossível monitorizar todo o conteúdo colocado na plataforma.