Café da Cruz Vermelha oferece menus com música e poesia para a terceira idade
O Algarve é a última região a candidatar-se ao projecto de Inovação Social. O pacote de apoios públicos é de 4,8 milhões de euros.
No velho Teatro Lethes, em Faro, há um café onde não existe televisão mas há livros e sons de viola e guitarra para ver e ouvir. Lethes Go Caffe é o nome do projecto que rompe com alguns preconceitos e tabus relacionados com a terceira idade. Desde há seis meses, a título experimental, funciona no espaço da Cruz Vermelha Portuguesa um café com algumas especialidades fora do comum. A dieta mediterrânica, neste contexto, tem como prato principal um passeio pela cidade ou a partilha de uma história de vida. À noite, o “digestivo” pode contemplar uma sessão de fados ou leitura de poemas. Os menus, anunciados à entrada da porta, destinam-se a alimentar o espírito de quem se recusa a ficar em casa, a ver o tempo passar.
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No velho Teatro Lethes, em Faro, há um café onde não existe televisão mas há livros e sons de viola e guitarra para ver e ouvir. Lethes Go Caffe é o nome do projecto que rompe com alguns preconceitos e tabus relacionados com a terceira idade. Desde há seis meses, a título experimental, funciona no espaço da Cruz Vermelha Portuguesa um café com algumas especialidades fora do comum. A dieta mediterrânica, neste contexto, tem como prato principal um passeio pela cidade ou a partilha de uma história de vida. À noite, o “digestivo” pode contemplar uma sessão de fados ou leitura de poemas. Os menus, anunciados à entrada da porta, destinam-se a alimentar o espírito de quem se recusa a ficar em casa, a ver o tempo passar.
“Temos centros de dia mas não existem estruturas intermédias para enquadrar e manter as pessoas activas”, diz Dina Dias, a dinamizadora do programa e assistente social, depois de receber a visita da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, que esteve ontem no Algarve a participar na apresentação do projecto “Portugal Inovação Social”.
A iniciativa governamental, apoiada por fundos comunitários, destina-se a encontrar respostas novas para velhos problemas — solidão e abandono dos idosos, integração de minorias, entre muitos outros casos de exclusão social
A nível nacional, o programa dirigido ao sector da inovação social, já aprovou 137 projectos no Norte, Centro e Alentejo no valor de 12 milhões de euros. Por fim, chega ao Algarve com um pacote de 4,8 milhões de euros destinado a potenciar iniciativas publicas e privadas que visem acrescentar algo de novo mas com resultados mensuráveis. As primeiras candidaturas deverão abrir até final de Maio.
Para ultrapassar alguns dos problemas burocráticos relacionados com as candidaturas, a governante adiantou que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR/Algarve) terá um gabinete, funcionando como incubadora das ideias e projectos.
Inovação, afirmou, por seu lado, Maria Manuel Leitão Marques, não se destina só às empresas ou a aplicações de telemóveis: “É para resolver problemas da sociedade”, sublinhou, lembrando que a solidão cresce nas cidades e que a Inglaterra criou um ministério só para resolver este problema.
Contrariar a solidão e estimular a criatividade, mesmo daqueles que achavam ter metido a imaginação na gaveta ou receiam mostrar o que sabem, é o objectivo do Lethes Go Caffe, disse Dina Dias. D. Noémia integra o grupo musical que, ontem, deu as boas-vindas a Maria Manuel Leitão Marques. “Ponha aqui o seu pézinho....”, cantou e tocou ela, como se estivesse a viajar numa excursão de jovens finalistas. No final, a assistente social pediu autorização para fazer uma inconfidência: “A D. Noémia vinha todos os dias com a guitarra escondida dentro de um saco de plástico”. O motivo residia num preconceito. “Com uma idade destas, o que vão dizer os vizinhos, quando souberem que ando por aí a tocar guitarra”, justificou a cantora. Afinal, os vizinhos já conhecem o segredo e ela prossegue um novo rumo de vida, com arte.