Pela primeira vez em 60 anos, o novo director do Metropolitan vem de fora

O austríaco Max Hollein tem apenas 48 anos e assume a partir do Verão a responsabilidade de dirigir aquele que é um dos museus mais importantes do mundo. Chega numa altura em que o Met tem problemas de tesouraria que urge resolver. A sua formação em Administração de Empresas, para além de História de Arte, vai dar jeito.

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Max Hollein tem 48 anos e chegou aos Estados Unidos em 2016 para dirigir o Museu de Belas Artes de São Francisco BORIS ROESSLER/LUSA

Há um ano que o conselho de administração do Museu Metropolitan (Met) de Nova Iorque estava a tentar decidir quem substituiria Thomas Campbell, o director forçado a demitir-se em Fevereiro, na sequência dos maus resultados financeiros da instituição e no meio de alegações que davam como certa a sua relação com um membro do staff. A espera chegou ao fim esta terça-feira – Max Hollein, 48 anos, um homem nascido em Viena com um pedigree de respeito no mundo dos museus, foi o escolhido.

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Há um ano que o conselho de administração do Museu Metropolitan (Met) de Nova Iorque estava a tentar decidir quem substituiria Thomas Campbell, o director forçado a demitir-se em Fevereiro, na sequência dos maus resultados financeiros da instituição e no meio de alegações que davam como certa a sua relação com um membro do staff. A espera chegou ao fim esta terça-feira – Max Hollein, 48 anos, um homem nascido em Viena com um pedigree de respeito no mundo dos museus, foi o escolhido.

Hollein, que concorria com mais de 100 candidatos, segundo a publicação especializada The Art Newspaper, será o décimo director do Met e o primeiro em 60 anos a ser escolhido fora da sua equipa, escreve o diário norte-americano The New York Times, acrescentando que ele estivera já entre os mais fortes candidatos ao cargo quando Campbell foi o eleito, em 2008. Chegará a Nova Iorque no Verão, directamente saído do Museu de Belas Artes de São Francisco, que dirigia.

Ser director do Met “é uma oportunidade muito especial, única, que senti que tinha de aceitar”, diz Hollein, citado pelo Art Newspaper.

Apesar de o museu de São Francisco ser uma instituição de prestígio e de o trabalho que ali fez ter sido aplaudido, embora não isento de críticas, Max Hollein enfrenta no Met um desafio bem maior. Com formação em História de Arte e em Administração de Empresas, o novo director vai gerir uma entidade que conta com um orçamento de mais de 300 milhões de dólares (240 milhões de euros) e com 2200 funcionários – uma variação substancial face ao museu da cidade californiana (48,4 milhões de euros e 500 funcionários).

Hollein chega, também, num momento delicado em que o museu, que é um dos mais importantes do mundo e que recebe sete milhões de visitantes por ano, vive um período de instabilidade financeira que terá forçosamente de corrigir.

Face aos problemas de dinheiro, lembra o New York Times, o museu teve já de redimensionar o projecto da nova ala dedicada às colecções moderna e contemporânea, que começou por estar orçada em 600 milhões de dólares (485 milhões de euros).

Uma das medidas entretanto tomadas pelo conselho para combater as dificuldades de tesouraria está já implantada – o Met  passou cobrar bilhete a quem não mora na cidade (custa 25 dólares, cerca de 20 euros).

Neste cenário de instabilidade, a escolha de Hollein, tido como um “feroz angariador de fundos” com experiência como curador de arte contemporânea, está a ser bem recebida pelo meio.

Adepto das inovações tecnológicas e de tudo o que elas podem fazer para tornar os museus mais acessíveis a uma cada vez maior e mais diversificada fatia de público, Hollein, que começou a sua carreira na Fundação Solomon R. Guggenheim como assistente executivo do então director, Thomas Krens, dirige museus desde os 31 anos e trabalhou década e meia em Frankfurt, liderando instituições como o Städel Museum, o Schirn Kunsthalle, e o museu de escultura da villa Liebieghaus. Chegou aos Estados Unidos em 2016 para chefiar o museu de São Francisco, onde, escreve o diário americano, foi responsável por uma verdadeira revolução digital.

A escolha do novo director, acrescenta o Art Newspaper, parece vir reforçar a aposta do Met na arte contemporânea, embora o novo director relativize: “Vejo as minhas responsabilidades para com a instituição de forma mais abrangente. Embora o meu background curatorial esteja ligado à arte contemporânea, desde o início dirigi instituições com um espectro de colecções e de programação muito alargado.”

Para os que temem que a contemporaneidade venha a monopolizar a sua atenção, disse ainda: “Venho para o Met pela oportunidade de dirigir o museu enciclopédico mais importante do mundo… Penso que esse é o factor decisivo e que é aí que estarão a minha atenção e a minha energia.”