Xi faz discurso contra o proteccionismo para tentar evitar guerra comercial

O líder chinês revelou várias medidas que pretende aplicar para tentar evitar aprofundamento da disputa com os EUA.

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O discurso de Xi durante o Fórum de Boao era muito aguardado EPA/LI XUEREN

Para tentar travar os efeitos de uma guerra comercial que se começa a delinear, o Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu a abertura económico e anunciou a descida de tarifas aduaneiras, durante um discurso muito aguardado. Os mercados reagiram bem às palavras de Xi, que interpretaram como uma tentativa para chegar a um compromisso com os Estados Unidos.

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Para tentar travar os efeitos de uma guerra comercial que se começa a delinear, o Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu a abertura económico e anunciou a descida de tarifas aduaneiras, durante um discurso muito aguardado. Os mercados reagiram bem às palavras de Xi, que interpretaram como uma tentativa para chegar a um compromisso com os Estados Unidos.

Xi não falou directamente dos EUA, mas deixou alertas para a “mentalidade da Guerra Fria” e as lógicas de “soma zero”, numa clara referência às políticas proteccionistas aplicadas pela Administração de Donald Trump. “Quem é arrogante ou isolacionista só pode acabar por chocar contra muros”, declarou o Presidente chinês.

A abordagem de Xi Jinping teve ecos do discurso que fez em Janeiro do ano passado durante o Fórum Económico Mundial de Davos, em que também fez uma defesa da globalização e do comércio livre, e que coincidiu com a tomada de posse de Trump. Os seus críticos dizem, porém, que as práticas das empresas chinesas apenas seguem os princípios que lhes são mais convenientes, escolhendo ignorar outros.

Os EUA anunciaram recentemente a subida das taxas aduaneiras sobre várias importações, incluindo o aço, o alumínio e produtos tecnológicos, com o objectivo de punir Pequim por aquilo que Trump costuma designar por “práticas comerciais desleais”. Em cima da mesa estão mais medidas que vão no mesmo sentido e que podem ter um impacto de 50 mil milhões de dólares, diz a Reuters.

Na semana passada, Pequim respondeu na mesma moeda e anunciou o aumento das tarifas sobre a importação de mais cem produtos norte-americanos, incluindo a soja, automóveis ou o tabaco.

A Organização Mundial do Comércio revelou estar preocupada com a possível eclosão de uma guerra comercial e tem feito apelos para que os dois países baixem a tensão.

As palavras de Xi esta terça-feira parecem mostrar uma tentativa para evitar essa escalada. O Presidente chinês anunciou várias medidas como o aumento do tecto para a participação do sector privado nos sectores de construção automóvel, naval e aeronáutica, bem como a descida das tarifas para a importação de vários produtos.

O empresário Elon Musk, que está em negociações para garantir a propriedade total de uma fábrica que pretende construir na China, elogiou a postura de Xi. “Evitar uma guerra comercial será benéfico para todos os países”, afirmou Musk, através do Twitter.

O co-director de pesquisa do CCB International Securities, Peter So, disse à Bloomberg que as palavras de Xi mostram que “não existe um confronto directo” e que há “uma margem para melhorias na disputa comercial”.

As principais bolsas asiáticas registaram subidas durante o discurso de Xi e o dólar valorizou.

O discurso do líder chinês no Fórum Boao, uma espécie de conferência de Davos numa versão asiática, foi o primeiro desde que o Congresso Nacional do Povo aprovou as alterações constitucionais que confirmam a posição de Xi no topo da hierarquia do Estado, onde poderá permanecer indefinidamente.

Xi quis deixar bem claro que não pretende entrar em rota de colisão com os EUA pela hegemonia asiática. “Não iremos construir esferas de influência, a China irá sempre ser um construtor da paz mundial, um contribuinte para o desenvolvimento global e um defensor da ordem internacional.”