Três décadas de turbulência depois de João Rocha
Nas últimas três décadas, apenas Sousa Cintra e Dias da Cunha estiveram mais tempo na liderança do clube “leonino” e, depois de João Rocha, o Sporting já teve dez presidentes.
Alfredo Augusto das Neves Holtreman (Visconde de Alvalade), José Holtreman Roquette (José Alvalade), Oliveira Duarte, Ribeiro Ferreira, Góis Mota, Brás de Medeiros, João Rocha. Nos quase 112 anos de história do Sporting, há uma mão cheia de presidentes que deixaram no clube um legado de sucesso, dando corpo ao lema dos “leões”: “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória”. Porém, a João Rocha, que deixou a presidência do Sporting em Outubro de 1986, seguiram-se três décadas de turbulência, em que nenhum presidente chegou ao sexto ano de mandato.
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Alfredo Augusto das Neves Holtreman (Visconde de Alvalade), José Holtreman Roquette (José Alvalade), Oliveira Duarte, Ribeiro Ferreira, Góis Mota, Brás de Medeiros, João Rocha. Nos quase 112 anos de história do Sporting, há uma mão cheia de presidentes que deixaram no clube um legado de sucesso, dando corpo ao lema dos “leões”: “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória”. Porém, a João Rocha, que deixou a presidência do Sporting em Outubro de 1986, seguiram-se três décadas de turbulência, em que nenhum presidente chegou ao sexto ano de mandato.
Eleito a 23 de Março de 2013 e reeleito a 4 de Março de 2017, Bruno de Carvalho cumpre hoje cinco anos e 19 dias na presidência do Sporting. Nas últimas três décadas, apenas Sousa Cintra e Dias da Cunha estiveram mais tempo na liderança do clube “leonino” e, depois de João Rocha, o Sporting já teve dez presidentes – no mesmo período, o Benfica teve sete líderes e o FC Porto apenas um.
Na história recente do Sporting, será difícil encontrar um nome que reúna consenso como João Rocha. Considerado por muitos sportinguistas como “o melhor presidente da história” dos “leões”, assumiu a liderança do clube em Setembro de 1973. Com a difícil missão comandar o Sporting no pós-Abril de 74, João Rocha manteve-se na presidência até 3 de Outubro de 1986, quando abandonou por motivos de saúde, deixando uma herança de mais de 1200 títulos nacionais nas diversas modalidades. No auge de uma “guerra” com o FC Porto, avançou Amado de Freitas, que durante a gerência de João Rocha assumiu diversos cargos na estrutura “leonina”. O seu mandato foi, no entanto, curto e discreto, ficando ligado a uma das vitórias mais “saborosas” para os sportinguistas: os 7-1 ao Benfica. Ano e meio mais tarde, não se recandidatou a um segundo mandato, abrindo caminho à entrada de uma das figuras mais polémicas do “universo leonino”: Jorge Gonçalves.
Populista q.b, Gonçalves teve um fugaz “reinado” de onze meses repleto de peripécias, destacando-se a contratação falhada de Rijkaard e uma assembleia-geral interrompida após agressões entre apoiantes de João Rocha e de Jorge Gonçalves. O 34.º líder sportinguista cairia após os órgãos sociais demitirem-se e, apesar de se ter voltado a recandidatar, foi derrotado por Sousa Cintra.
Empresário de sucesso, o algarvio mantém-se até hoje como o presidente que mais tempo esteve à frente do Sporting depois de João Rocha. Durante quase seis anos, Cintra fez obra (inaugurou o museu do clube), mas fracassou no futebol, onde apenas venceu uma Taça. Com a imagem desgastada, não se recandidatou após o terceiro mandato, iniciando-se o “Projecto Roquete”, que teve como delfim Pedro Santana Lopes. Porém, o advogado faltou à promessa de não misturar a política com o futebol e, em menos de um ano, trocou a liderança do Sporting pela do PSD.
Com a “fuga” de Santana, José Roquete teve que avançar. O empresário, que fica ligado à construção da Academia, do novo estádio e à origem da SAD, quebrou um jejum de 18 anos sem vencer o campeonato, mas após entrar em ruptura com Luís Duque demitiu-se, sendo substituído pelo seu vice Dias da Cunha. Fazendo da luta contra o “sistema” uma das suas bandeiras, Dias da Cunha inaugurou a Academia e o Complexo Alvalade XXI, e repetiu o feito do seu antecessor: campeão (2001-02). No entanto, apesar dos sucessos desportivos (chegou à final da Taça UEFA), foi vítima de mais uma crise “made in Alvalade”, e, em Outubro de 2005, demitiu-se em solidariedade com José Peseiro, que também tinha abandonado o Sporting.
Seguiram-se Soares Franco (2005-2009), José Eduardo Bettencourt (2009-2011) e Godinho Lopes (2011-2013), e o mesmo denominador comum: dividas a mais e títulos a menos. Com o clube à deriva, ganhou força um discurso de corte com o passado e, após falhar a eleição em 2011, Bruno de Carvalho cumpriu o sonho de criança, tornando-se no 42.º presidente do Sporting.