Dinamarca, o país mais feliz do mundo

A leitora Matilde Alvim partilha a sua experiência em Copenhaga.

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DR

A Dinamarca é o país mais feliz do mundo. Bons salários, bom sistema de saúde e igualdade de género. E seguem a filosofia do hygge, o segredo para a felicidade dinamarquesa. Ao visitar este país, também conhecido como a porta de entrada para a grande e gelada Escandinávia, dei imediatamente de caras com a sabedoria nórdica. As casas abundantes em janelas para deixarem entrar a pouca luz do sol, as mantas quentinhas disponibilizadas pelos cafés sempre mobilados pelas mais altas peças de design dinamarquês, a imensidão de bicicletas que cruzam Copenhaga, entre outros. No entanto, o episódio que mais me marcou aconteceu nos arredores da capital, a 31 de Dezembro.

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A Dinamarca é o país mais feliz do mundo. Bons salários, bom sistema de saúde e igualdade de género. E seguem a filosofia do hygge, o segredo para a felicidade dinamarquesa. Ao visitar este país, também conhecido como a porta de entrada para a grande e gelada Escandinávia, dei imediatamente de caras com a sabedoria nórdica. As casas abundantes em janelas para deixarem entrar a pouca luz do sol, as mantas quentinhas disponibilizadas pelos cafés sempre mobilados pelas mais altas peças de design dinamarquês, a imensidão de bicicletas que cruzam Copenhaga, entre outros. No entanto, o episódio que mais me marcou aconteceu nos arredores da capital, a 31 de Dezembro.

Chuviscava levemente. O vento soprava frígido e implacável. O frio era tanto que não conseguia sentir as mãos. O ar estava nublado. O mar do Norte estava agitado e escuro, na sua beleza selvagem. Não convidava, nem por sombras, a um banho. No entanto, ali estavam, um grupo de dinamarqueses à beira do pontão, prontos para saltarem. Assim que avistei este curioso cenário tive imediatamente de sair do carro, preparar a máquina fotográfica e ver o que se estava a passar.

O velho do roupão branco despe-se, ficando todo nu, e desce as escadas lentamente. Inspirando uma última vez, salta para a água geladíssima sem hesitação. Aí fica durante uns segundos, nada uns metros e volta a subir as escadas. Veste-se. O grupo está agora pronto a regressar a uma cabana ao meu lado onde decerto haveria aquecimento. Só de ver já estava a congelar. Fiquei em pulgas para saber do que é que se tratava! Quando uma velhinha com apenas o seu roupão bege vestido se aproxima de mim, pergunto –lhe: “Desculpe, a senhora entrou na água? Porquê?”, ao que ela responde “Sim! Sinto-me muito bem. Renovo as energias. Despeço-me do ano.”

A mulher estava, de facto, com um aspecto fantástico, as faces rosadas cheias de cor e o sorriso estampado na cara, trazia consigo uma energia fresca e tranquila. Logo depois apercebi-me que esta tradição é algo que muitos dinamarqueses fazem para assinalar a vinda de um novo ano, ao passear um pouco mais pela estrada e avistar mais grupos a fazerem-no. Afinal, o que pode ser visto por estrangeiros como um acto insano, tem na verdade inúmeros benefícios para a saúde, como o melhoramento da circulação e redução do stress. Esta é uma tradição feita nos países nórdicos há séculos, e incrivelmente interessante de se presenciar.

Uma verdadeira viagem de aprendizagem no sentido de saber viver melhor pontuada pelas ríspidas temperaturas, casas coloridas e cafés acolhedores.

Matilde Alvim