CGTP recusa "obsessão pela redução do défice" à custa dos direitos dos trabalhadores

Arménio Carlos considera que o Governo já está a programar as eleições de 2019.

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Arménio Carlos acusa o Governo de não estar a resolver problemas Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) avisou esta quinta-feira que não aceita que a "obsessão pela redução do défice e da dívida" se sobreponha aos direitos dos trabalhadores e exigiu aumento dos salários em 2019.

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O secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) avisou esta quinta-feira que não aceita que a "obsessão pela redução do défice e da dívida" se sobreponha aos direitos dos trabalhadores e exigiu aumento dos salários em 2019.

"Até ao final deste mês, o Governo vai ter de entregar em Bruxelas o Programa de Estabilidade e a CGTP não aceita que, a pretexto da obsessão pela redução do défice e da dívida, (...) mais uma vez os números sejam privilegiados à custa dos direitos dos trabalhadores e das suas famílias", declarou Arménio Carlos, que falava aos jornalistas na sede da confederação, em Lisboa, após uma reunião do conselho nacional.

Entre outras medidas, o líder da CGTP vincou que, "neste momento, se justifica que o Governo assuma desde já, na entrega deste documento, o compromisso de introduzir o aumento dos salários para todos os trabalhadores do sector público no próximo Orçamento do Estado de 2019".

"Não é só um dever, é uma obrigação que o Governo tem perante os seus trabalhadores e, simultaneamente, um exemplo que pode e deve dar para que a iniciativa privada assuma essas mesmas actualizações no quadro da negociação da contratação colectiva", notou.

Segundo noticiam esta quinta-feira o Eco e o Jornal de Negócios, o Governo já iniciou as reuniões com os parceiros parlamentares sobre o Programa de Estabilidade (PE), apresentando novas estimativas para este ano: um défice orçamental de 0,7% do PIB e um crescimento económico de 2,3%.

No Orçamento do Estado para 2018, o executivo previa um défice orçamental de 1,1% do PIB (com o impacto de 0,1 pontos das medidas de apoio e resposta aos incêndios do ano passado) e um crescimento económico de 2,2%. A Lusa tentou confirmar estas novas previsões, mas até ao momento não foi possível.

Na conferência de imprensa, Arménio Carlos assinalou também que o Governo, "ao aproximarem-se das eleições de 2019, está eventualmente a tentar captar votos ao centro, evitando por esta via resolver os problemas, quer dos salários, quer da legislação laboral". "Isto, a manter-se, irá inevitavelmente originar o aumento da contestação, do descontentamento e da luta dos trabalhadores", avisou o responsável.

Por essa razão, "é bom que o Governo neste momento pondere, reflicta e tenha um comportamento diferente daquele que tem manifestado nos últimos tempos, ou seja, de abertura e de concretização de um conjunto de compromissos e de expectativas que abriu, quer no que respeita à melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população, quer também no que respeita à revogação das normas gravosas da legislação do trabalho", alertou ainda Arménio Carlos.