Até podiam ser só dez cêntimos
Não serão os princípios o que mais pesa na oposição, quando são esses princípios que exigem aos que decidem no Governo?
Exmos. senhores dirigentes nacionais do PSD,
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Exmos. senhores dirigentes nacionais do PSD,
Sabendo que “a Santa Casa da Misericórdia tem, desde a sua fundação há mais de 500 anos, uma função social relevantíssima”; sabendo que “a assistência à doença, acudir aos mais despojados da nossa sociedade tem sido a obra da Santa Casa da Misericórdia”...
Sabendo também que foi “com espanto” que o PSD soube “da possibilidade de a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa investir na aquisição de capital social de um banco”, ao caso no Montepio Geral, “ou seja, de proceder a um investimento fora da sua área de acção por excelência — a social — para antes aplicar importantes somas numa concreta e única instituição financeira que, ademais, tem sido objecto de apreciações que suscitam preocupação sobre a sustentabilidade e estabilidade de tal investimento”...
Sabendo de tudo isso, mas também que ainda não se conhece o bendito estudo que avalia o real valor do Montepio, reiteradamente pedido pelo PSD; sabendo que o próprio PSD entregou no Parlamento apenas há dez dias uma resolução condenando “esta obstinação do senhor provedor da SCML em entrar no capital do Montepio”, precisamente com a argumentação acima citada; sabendo até que o partido recomenda ao Governo, nessa resolução, “que proíba a SCML de entrar no capital dos bancos e, no caso vertente, do Montepio Geral”...
Então coloco à consideração de Vexas. a proposta de entregarem ao Exmo. conselheiro nacional do partido (agora designado porta-voz do PSD para a Solidariedade e Bem-estar) o texto da mesma resolução que Vexas. entregaram no Parlamento, de modo a que possa por ele avaliar se os argumentos supracitados podem, ou não, aplicar-se de igual forma à Santa Casa da Misericórdia do Porto — a instituição que ele mesmo lidera, cujo dinheiro decidiu aplicar no Montepio, cuja assembleia geral passará a ser dirigida por si.
Admito que o Exmo. provedor reivindique que tem provas dadas na gestão da Misericórdia — o que tem sido reconhecido pela cidade. Admito que replique que o valor é curto, diminuindo o risco da aplicação financeira — o que será verdade. Admito que responda também que as receitas dos jogos sociais só são distribuídas à Santa Casa de Lisboa, não à do Porto — o que até pode tirar peso à consciência de quem decide.
A questão, porém, é de princípios. Mas não serão os princípios o que mais pesa na oposição, quando são esses princípios que exigem aos que decidem no Governo?