Perigo de guerra comercial e críticas à Amazon fazem tremer Wall Street
As críticas de Trump à gigante tecnológica e a retaliação chinesa ao aumento das tarifas aduaneiras norte-americanas agravam a tendência de queda do mercado.
As principais bolsas mundiais têm fechado em queda e Trump é parcialmente responsável. As críticas do Presidente dos EUA à gigante tecnológica norte-americana Amazon agravaram a tendência de queda dos índices S&P 500 e do tecnológico Nasdaq. A isso junta-se a retaliação chinesa face às tarifas aduaneiras norte-americanas, que parece ser o pontapé de saída para uma guerra comercial - pelo menos para os investidores.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
As principais bolsas mundiais têm fechado em queda e Trump é parcialmente responsável. As críticas do Presidente dos EUA à gigante tecnológica norte-americana Amazon agravaram a tendência de queda dos índices S&P 500 e do tecnológico Nasdaq. A isso junta-se a retaliação chinesa face às tarifas aduaneiras norte-americanas, que parece ser o pontapé de saída para uma guerra comercial - pelo menos para os investidores.
“O comportamento do Presidente está a começar a ter impacto os mercados – tanto nas médias quanto nas acções individuais”, avaliou Doug Kass, presidente da empresa norte-americana Seabreeze Partners Management, em declarações à Reuters.
O preço das acções da Amazon caiu 5,2% na segunda-feira e provocou uma queda no índice S&P 500 (de 2,23%) e Nasdaq (de 3%), ao mesmo tempo que aumentou a pressão noutras empresas tecnológicas, como a Microsoft, a Apple e o Facebook. O índice Dow Jones também fechou segunda-feira a cair 459 pontos. A tendência chegou à Ásia, com as bolsas de Tóquio, Hong Kong e Xangai a abrirem em queda.
“Um grande factor é o facto de Trump perseguir o sector tecnológico, nomeadamente a Amazon”, disse Tom di Galoma, gestor da Seaport Global Holdings, à Reuters. “Coloca todo o sector em perigo”.
A desconfiança do Presidente norte-americano face à gigante retalhista já é antiga – mesmo antes de chegar à Casa Branca, Donald Trump questionava a legalidade do “monopólio” da empresa fundada pelo milionário Jeff Bezos, actual proprietário do jornal Washington Post. Agora, parece estar preocupado com o acordo entre a Amazon e os correios norte-americanos. Uma notícia publicada pela Axios a dar conta da “obsessão” de Trump pela empresa tecnológica de Bezos provocou um tombo quase imediato no valor das acções.
Trump aponta o dedo à Amazon e diz que precisa de mais regulação, mas não especifica o que de facto vai acontecer. “Chamar a Amazon à atenção sem dar mais indicações é o que está a preocupar o mercado”, disse Erin Browne, responsável pela alocação de activos da gestora UBS, à CNN. A isso junta-se o facto de o sector tecnológico ser olhado pelos investidores, cada vez mais, como um sector “apinhado”.
A Amazon registou perdas de 60 mil milhões de dólares no valor de mercado desde que a Axios lançou a sua reportagem, a 28 de Março. Só nesta segunda-feira, a empresa perdeu mais de 36 mil milhões. “Sempre que Trump, ou qualquer outro Presidente, interfere no comportamento empresarial, o mercado começa a preocupar-se”, avalia Browne.
Contraria-se assim a tendência geral de crescimento dos mercados, desde a entrada em funções da Administração Trump. O índice Dow Jones subiu 8000 pontos no período entre a eleição de Trump e Janeiro de 2018, devido às promessas de cortes nos impostos das empresas e de desregulação. Desde Janeiro, a tendência é de queda. Os investidores culpam o estilo errático de Trump, que com os seus comentários no Twitter, cria incerteza. “No passado, os Presidentes têm levado questões sérias para canais formais, e não para o Twitter", considera Browne.
À questão da Amazon junta-se o perigo de uma guerra comercial entre a China e os EUA. As tarifas anunciadas por Trump, primeiro no aço, depois no alumínio e finalmente nos produtos importados da China criaram, nos investidores, uma preocupação crescente com o proteccionismo do Presidente norte-americano.
Na segunda-feira, os preços das acções caíram porque Pequim retaliou, como tinha prometido. Respondeu com o fim das "concessões relativas a tarifas de importação” de 128 produtos importados dos EUA.
A renegociação do acordo comercial entre os EUA, o México e o Canadá (NAFTA) também se apresenta problemática, com Trump a ameaçar tirar os mexicanos do acordo de comércio livre da América do Norte. “O mercado está preocupado com o nível de incerteza que Trump injectou nas negociações”, avalia Browne.