Grindr partilha dados dos seus utilizadores sobre o VIH

A informação clínica é enviada a duas empresas de análise de dados em conjunto com o número de telemóvel, a localização e o e-mail dos utilizadores. O Grindr garante que o faz para melhorar o serviço prestado pela sua app de encontros.

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O Grindr tem lutado publicamente pelas relações homossexuais saudáveis Reuters/STRINGER

A aplicação de encontros para homossexuais Grindr, que conta com cerca de 3,6 milhões de utilizadores registados, tem partilhado informações sobre o estado clínico dos seus utilizadores relativamente ao VIH com empresas de análise de dados. Segundo noticia o BuzzFeed nesta segunda-feira, citando um investigador norueguês, a Apptimize e a LAcalytica são as duas empresas que recebem os dados.

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A aplicação de encontros para homossexuais Grindr, que conta com cerca de 3,6 milhões de utilizadores registados, tem partilhado informações sobre o estado clínico dos seus utilizadores relativamente ao VIH com empresas de análise de dados. Segundo noticia o BuzzFeed nesta segunda-feira, citando um investigador norueguês, a Apptimize e a LAcalytica são as duas empresas que recebem os dados.

Este é mais um caso que mostra a debilidade na protecção de dados dos utilizadores por parte das empresas tecnológicas e surge na sequência do escândalo que envolve a Cambridge Analytica e o Facebook, que permitiu que dados de cerca de 50 milhões de utilizadores da rede social fossem usados para fins políticos em países como os EUA, o Reino Unido e o Quénia. 

A revelação de que o Grindr está a partilhar informação sensível dos seus utilizadores partiu de Antoine Pultier, que integra um grande centro de investigação norueguês ligado ao desenvolvimento científico e tecnológico, o Sintef. O BuzzFeed também procedeu a uma verificação dos dados tratados por Pultier. O investigador disse à publicação norte-americana que a partilha de dados acontece porque a informação sobre o VIH, que se encontra em alguns perfis, é enviada em conjunto com outros dados: número de telemóvel, localização de GPS e endereço de correio electrónico.

"Com o acesso a estas informações torna-se bastante fácil identificar especificamente os utilizadores", afirma Antoine Pultier. Para além disso, segundo o relatório do Sintef, esta informação é frequentemente enviada sem que tenha sido encriptada, o que facilita o acesso aos dados caso estes sejam alvo de pirataria informática.

A aplicação que nasceu em 2009 tem lutado publicamente pelas relações homossexuais saudáveis, promovendo campanhas de prevenção contra o VIH e outra doenças sexualmente transmissíveis. “O Grindr é um sítio onde se pode ser aberto relativamente ao VIH… Não esperávamos isto de uma aplicação que se diz apoiante incondicional dos direitos do movimento e da cultura queer”, afirma James Krellenstein, membro da ACT UP New york, associação internacional defensora dos direitos dos seropositivos.­

Segundo um especialista em segurança digital ouvido pelo Buzzfeed, esta brecha de informação pode comprometer a segurança dos seus utilizadores. “Quando falamos de uma aplicação como o Grindr, que é destinada a pessoas que podem estar em risco, sobretudo dependo dos níveis de homofobia dos países ou regiões onde estão integrados, esta prática revela-se extremamente perigosa”, diz Cooper Quintin.

A empresa responsável pela aplicação respondeu à polémica afirmando que a partilha destes dados com as duas empresas é feita com o único propósito de optimizar a qualidade do serviço. “Esta é uma prática comum no ecossistema empresarial digital”, concluiu o director do departamento de tecnologia do Grindr, Scott Chen, citado igualmente pelo Buzzfeed. “A informação que é partilhada com essas plataformas é protegida por um contrato que prevê uma elevada protecção e confidencialidade acerca da privacidade e segurança dos dados pessoais dos nossos utilizadores.”

As empresas de análise de dados também se pronunciaram: tanto a Apptimize como a LAcalytica garantem que estes dados são usados exclusivamente para o melhoramento do desempenho da aplicação.