Artur Mas admite que investir Puigdemont não é a melhor solução
Ex-presidente da Generalitat não põe em causa legitimidade do seu sucessor, mas teme que a sua investidura possa abrir processos contra outros políticos independentistas.
Artur Mas questionou se valerá mesmo a pena tentar investir Carles Puigdemont no imediato. O antigo chefe do governo catalão teme que essa escolha possa resultar na abertura de novos processos judiciais contra outros dirigentes políticos independentistas e sugere a formação de um governo alternativo com capacidade de se “rearmar”.
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Artur Mas questionou se valerá mesmo a pena tentar investir Carles Puigdemont no imediato. O antigo chefe do governo catalão teme que essa escolha possa resultar na abertura de novos processos judiciais contra outros dirigentes políticos independentistas e sugere a formação de um governo alternativo com capacidade de se “rearmar”.
Numa entrevista à rádio RAC1, Mas defendeu que Puigdemont tem o direito a ser reconduzido ao cargo de presidente da Generalitat – conforme proclamou na semana passada a maioria soberanista do parlamento da Catalunha – e que essa legitimidade é um “evidência total”. Mas lembrou “que às vezes a legitimidade não se consegue impor a curto prazo”.
“Puigdemont tem toda a legitimidade para ser investido. Tem a maioria parlamentar, é deputado e deveria poder ser eleito [presidente]. [Mas] investi-lo agora comportaria a abertura de processos penais contra mais pessoas. Com tanta gente fora do país, devemos avaliar se isso valerá a pena”, interrogou-se Artur Mas.
O ex-presidente do govern acredita, por isso, que é necessário reagrupar as hostes independentistas à volta um novo executivo, até porque, defende, essa pode ser a única forma de recuperar o controlo das instituições “intervencionadas por Madrid”.
“Um governo da Catalunha poderia reivindicar mais justiça e mais legitimidade. Se fizermos bem as coisas, [a estratégia] poderá resultar a nosso favor”, afiança Mas, alertando, no entanto, que o virar da maré “não acontecerá nos próximo dias ou meses”, mas “mais tarde”. “Precisaremos de continuidade, paciência e muita inteligência política”, adianta.
Carles Puigdemont foi o primeiro nome proposto pelo bloco soberanista para presidir à Generalitat, mas acabou descartado devido às dificuldades em investi-lo à distância – auto-exilou-se na Bélgica. Depois dos fracassos das investiduras de Jordi Sànchez e Jordi Turull, Puigdemont voltou a ser considerado pelo parlament, dias depois de ser detido na Alemanha.