As lágrimas de Malala no regresso a casa: "Nunca fui tão feliz"

A activista, que luta há anos pelo direito de todos à educação, foi transportada num helicóptero e deverá permanecer na terra natal durante quatro dias.

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A vencedora do Prémio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, regressou neste sábado à cidade natal, no Paquistão, pela primeira vez desde que foi baleada pelos talibãs. “Estou tão feliz por estar em casa e de pôr os meus pés de novo nesta terra”, declarou, emocionada, Malala Yousafzai à BBC. "Nunca fui tão feliz", afirmou, citada pela Reuters. "Sinto-me orgulhosa da minha religião e do meu país. Sentia falta de tudo do Paquistão... dos rios às montanhas, até das ruas sujas e do lixo à volta da nossa casa, dos meus amigos e de como conversávamos sobre a nossa vida na escola", afirmou.

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A vencedora do Prémio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, regressou neste sábado à cidade natal, no Paquistão, pela primeira vez desde que foi baleada pelos talibãs. “Estou tão feliz por estar em casa e de pôr os meus pés de novo nesta terra”, declarou, emocionada, Malala Yousafzai à BBC. "Nunca fui tão feliz", afirmou, citada pela Reuters. "Sinto-me orgulhosa da minha religião e do meu país. Sentia falta de tudo do Paquistão... dos rios às montanhas, até das ruas sujas e do lixo à volta da nossa casa, dos meus amigos e de como conversávamos sobre a nossa vida na escola", afirmou.

“Quando dei a minha primeira palestra… simplesmente não consegui conter as lágrimas. É emocional!”, afirmou a activista, que luta há anos pelo direito de todos à educação.

A jovem distinguida com um Nobel da Paz foi transportada de helicóptero, que aterrou perto da casa de família em Mingora, numa operação rodeada de medidas de segurança apertada. Malala viajou na companhia do pai e do irmão mais novo.

Segundo a BBC, a activista deverá ficar no país durante quatro dias. À chegada, recordou momentos de medo que viveu quando era mais jovem. "Lembro-me bem de cada um dos momentos, de como me sentia antes de adormecer, com medo de não saber se estaria viva no dia seguinte. O medo de ser atacada no caminho para a escola, de alguém nos atirar ácido para a cara." 

A jovem estudante universitária também comentou reacções negativas ao seu regresso ao Paquistão, como o movimento de escolas privadas que declarou que a sexta-feira era o "I Am Not Malala Day" (Dia do Não Sou Malala), organizado por pessoas que a consideram "anti-islâmica" e defensora de uma "ideologia anti-Paquistão". "Não sei o que possa ter dito que faça de mim alguém anti-islâmica ou anti-Paquistão. O Islão ensinou-me a importância da paz. Ensinou-me a importância da Educação. A primeira palavra do Islão, ou a primeira palavra do Corão, é Iqra, que significa lê", disse. 

Malala Yousafzai, a mais jovem laureada com o Prémio Nobel da Paz (em 2014), que agora vive no Reino Unido, foi baleada, em 2011, por contestar a decisão dos taliban de proibir a educação feminina. Com apenas 15 anos, a estudante foi atacada quando regressava de autocarro da escola, tendo sido surpreendida por dois homens armados que a atingiram a tiro na cabeça e num ombro, tendo ficado internada em estado crítico num hospital militar paquistanês, sendo mais tarde transferida para um hospital britânico. Sobreviveu ao ataque e ficou para contar a história e lutar pelos direitos de milhares de pessoas.

Na última quinta-feira, foi anunciado que Malala Yousafzai iria regressar ao Paquistão pela primeira vez desde que foi atacada.

É o dia mais feliz da minha vida. Nem acredito que isto está a acontecer”, afirmou Malata, em lágrimas, num pequeno discurso divulgado pela televisão paquistanesa. “Eu não costumo chorar… Ainda só tenho 20 anos, mas já vi tantas coisas na minha vida”, acrescentou, depois de o primeiro-ministro lhe desejar as boas-vindas ao país.

Malala Yousafzai nasceu no Paquistão a 12 de Julho de 1997 e tornou-se um símbolo internacional da luta pelo direito à educação das mulheres depois de ter sido baleada.

Com 20 anos, Malala vive agora no Reino Unido e continua a ser uma ávida defensora dos direitos humanos – sobretudo no que diz respeito à educação feminina; no ano passado, entrou na Universidade de Oxford, onde estuda filosofia, política e economia. Há quatro anos, dizia à BBC que gostava de ter uma carreira política: “Se puder servir melhor o meu país através da política e, sendo primeira-ministra, escolheria isso”. “Quero servir o meu país, e o meu sonho é que o meu país se torne um país desenvolvido e que eu veja todas as crianças com acesso à educação”, acrescentava.