Depois da violência, foi dia de chorar os mortos de Gaza

Cisjordânia e Jerusalém Oriental pararam para homenagear os 16 palestinianos mortos pelo Exército israelita. Em Gaza os funerais foram seguidos de novos protestos. Mais de 770 pessoas terão sido atingidas com munições reais.

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Sábado foi dia de honrar os mortos nos territórios palestinianos, depois de na véspera, aquilo que deveria ter sido o primeiro dia de um protesto palestiniano pacífico na Faixa de Gaza ter dado origem a mais um capítulo sangrento na interminável guerra entre Palestina e Israel. Jerusalém Oriental e diversas cidades na Cisjordânia aderiram ao dia de luto nacional decretado pelo presidente palestiniano Mahmoud Abbas, enquanto em vários pontos de Gaza voltou a haver protestos, depois de enterradas e homenageadas as vítimas – houve registo de feridos nas regiões de Jabalya e Khan Younis.

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Sábado foi dia de honrar os mortos nos territórios palestinianos, depois de na véspera, aquilo que deveria ter sido o primeiro dia de um protesto palestiniano pacífico na Faixa de Gaza ter dado origem a mais um capítulo sangrento na interminável guerra entre Palestina e Israel. Jerusalém Oriental e diversas cidades na Cisjordânia aderiram ao dia de luto nacional decretado pelo presidente palestiniano Mahmoud Abbas, enquanto em vários pontos de Gaza voltou a haver protestos, depois de enterradas e homenageadas as vítimas – houve registo de feridos nas regiões de Jabalya e Khan Younis.

A postura agressiva dos manifestantes e a resposta descomedida do Exército israelita, na sexta-feira, transformou vários pontos ao longo da fronteira entre Gaza e Israel em autênticos cenários de guerra. A repressão israelita foi violenta – os militares usaram tanques, atiradores furtivos e gás lacrimogéneo para controlar a os quase 30 mil palestinianos – e dela resultaram 16 mortos e cerca de 1400 feridos.

De acordo com um porta-voz do ministério da Saúde de Gaza, deram entrada nos hospitais do enclave 773 pessoas que apresentavam ferimentos causados por munições reais. Um coronel israelita na reserva nega, no entanto, que tenham sido dadas instruções aos soldados para “atirarem a matar” e assegura que apenas se “utilizou a força contra pessoas implicadas em acções violências”.

Posições como a daquele militar estão a causar enorme agitação junto dos palestinianos, particularmente tendo em conta as imagens e vídeos divulgados nas redes sociais durante as últimas horas. Numa dessas gravações, partilhada pelo site Ynetnews, vê-se um palestiniano ser abatido por snipers israelitas pelas costas enquanto procura fugir. Israel defende-se dizendo que é necessário perceber o contexto das imagens e garante que a sua postura foi justificada. 

Os israelitas acusam o movimento islamista que controla a Faixa de Gaza, o Hamas, de instigar à violência e de utilizar “civis inocentes como ferramentas de terror”. Citado pelo Times of Israel, um porta-voz do Exército adianta ainda que está prevista uma “expansão” da capacidade de retaliação israelita, se continuarem a verificar-se confrontos junto à sua fronteira.

Guterres quer “investigação” 

O mais mortífero incidente desde 2014 naquela língua de território encaixada entre o Egipto, Israel e o Mediterrâneo levou o secretário-geral das Nações Unidas (ONU) a pedir uma “investigação independente e transparente” aos incidentes, depois da inconclusiva reunião no Conselho de Segurança ao final do sexta-feira. 

Numa mensagem divulgada na página oficial da ONU, António Guterres manifestou-se “profundamente preocupado” com os confrontos na Faixa de Gaza, suplicou “a todos os envolvidos que se abstenham de qualquer acto que possa causar mais vítimas, em particular medidas que possam colocar civis em risco” e voltou a reforçar a necessidade de restabelecer o processo de paz. 

“Esta tragédia sublinha a necessidade de revitalizar o processo de paz, com o objectivo de criar condições para um regresso das negociações que permitam que palestinianos e israelitas vivam lado a lado em paz e segurança”, afirmou Guterres.

Os protestos foram organizados pelo Hamas e deverão continuar durante as próximas seis semanas, até ao dia 15 de Maio, o dia seguinte ao 70º aniversário da criação do Estado de Israel, que os palestinianos assinalam como o dia da “Catástrofe” – a Naqba –, que marcou o início do seu êxodo forçado.