Aplicação MB Way permite pagar com a câmara do telemóvel

Apesar dos benefícios em pagar via QR Code (rapidez, facilidade, comodidade), é importante perceber que nem todos os códigos deste tipo são iguais ou seguros.

Foto
A maioria dos utilizadores da app MB Way tem entre 25 e 44 anos neg nelson garrido

A câmara do telemóvel também já serve para fazer alguns pagamentos, garantindo o acesso directo à conta bancária do cliente. A SIBS, a empresa que gere a rede Multibanco em Portugal, lançou há dias uma nova funcionalidade para a aplicação móvel MB Way que permite pagar através da leitura de um QR Code (espécie de código de barras que pode ser reconhecido pelas câmaras dos telemóveis). Está disponível para todos os utilizadores iOS e Android.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A câmara do telemóvel também já serve para fazer alguns pagamentos, garantindo o acesso directo à conta bancária do cliente. A SIBS, a empresa que gere a rede Multibanco em Portugal, lançou há dias uma nova funcionalidade para a aplicação móvel MB Way que permite pagar através da leitura de um QR Code (espécie de código de barras que pode ser reconhecido pelas câmaras dos telemóveis). Está disponível para todos os utilizadores iOS e Android.

Os pagamentos com recurso ao QR Code têm vantagens, mas também alguns riscos. A SIBS garante que a aplicação que acaba de disponibilizar para os utilizadores iOS e Android “é segura”.

Para utilizar a nova funcionalidade basta ter a aplicação MBWay activada (algo que pode ser feito em qualquer terminal multibanco), aceder à opção “Pagar com MB Way” e passar com a câmara do telemóvel por cima do código que surge nos terminais de pagamento de algumas lojas. Por enquanto, a selecção está limitada ao Centro Comercial Alegro de Alfragide.

A tecnologia está muito longe de ser uma novidade. No Japão, o país onde o QR Code foi criado, permite fazer pagamentos por telemóvel desde 2002 e em muitos países em vias de desenvolvimento, dada a inexistência de sistemas bancários, é frequentemente a única alternativa viável. Desde 2014 que também surgem serviços do género em Portugal: há quatro anos, por exemplo, a PT lançou o Meo Wallet, com o qual os utilizadores podiam fazer um carregamento de saldo e usá-lo em compras via QR Code. A novidade do MB Way com o QR Code é a ligação directa à conta bancária, e a possibilidade de autorizar pagamentos via impressão digital nos aparelhos Android, ou identificação facial em iOS.

Apesar dos benefícios em pagar via QR Code (rapidez, facilidade, comodidade), é importante perceber que nem todos os códigos deste tipo são iguais ou seguros.

Um código que o olho humano não lê

Em 1994, o objectivo do desenvolvimento do QR Code para a indústria automóvel no Japão era ter uma forma de apresentar informação que os computadores pudessem ler, mas os humanos não. Isto permite fazer pagamentos sem ter de introduzir quaisquer dados bancários. Porém, como uma pessoa não é capaz de determinar o conteúdo de um QR Code a olho nu, em teoria, pode-se esconder conteúdo malicioso (como vírus, conteúdo ofensivo, ou uma conta bancária errada) num destes códigos.

Em 2017, burlas via QR Code em bicicletas para alugar na China resultaram em perdas equivalentes a 10 milhões de euros. E, em Março deste ano, as autoridades canadianas tiveram de emitir comunicados a alertar para as pessoas não acreditarem em pedidos do governo para pagar em bitcoins via QR Code.

Tal como num computador se evita clicar em links de fontes que não são de confiança, não se deve apontar a câmara do smartphone a QR Codes suspeitos. Quando se está a ler um QR Code no meio da rua, é importante confirmar se foi manipulado ou sobreposto por outro autocolante. Para já, apontar a câmara a um destes códigos com a aplicação do MBWay ainda não influencia a conta bancária porque a aplicação só lê os que são gerados nos terminais de pagamento da rede Multibanco de serviços aderentes.

Como o pagamento via QR Code nem sempre requer uma prova de identidade, alguns profissionais de cibersegurança levantam ainda a possibilidade de telemóveis roubados serem utilizados como forma de pagamento. A directora de comunicação da SIBS, Maria Antónia Saldanha, diz ao PÚBLICO que não é um problema para a aplicação da MB Way. “Não é possível fazer nenhuma operação na app sem introduzir o pin de seis dígitos da aplicação, ou impressão digital, o que dá total garantia de segurança aos utilizadores.” Além disso, em compras superiores a 20 euros, a aplicação pede sempre a introdução do código bancário. 

Pode-se escolher também um código de bloqueio adicional para aceder à aplicação (para além do código de seis dígitos que é necessário para efectuar qualquer operação), e definir a autorização por biometria (seja a impressão digital, ou identificação facial) nos aparelhos que o permitem.

Em 2018, a aplicação MB Way em Portugal conta com mais de 600 mil utilizadores que efectuam cerca de 1,2 milhões de operações por mês. A maioria dos utilizadores tem entre 25 e 44 anos e utiliza a Internet diariamente para fazer compras online.