Comboio turístico do Tua já está em testes mas Mário Ferreira ainda não tem licença de operador

No vale do Tua há um comboio turístico em testes, a certeza de que o Metro de Mirandela vai fechar e a dúvida sobre quem assegurará a mobilidade das populações

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Paulo RIcca

Para operar nos 33 quilómetros que restam da linha do Tua, a Douro Azul adquiriu em Inglaterra um comboio turístico, que até já está a fazer testes em Mirandela. Mas a empresa gerida pelo empresário Mário Ferreira ainda não pediu ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) a licença de operador ferroviário.

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Para operar nos 33 quilómetros que restam da linha do Tua, a Douro Azul adquiriu em Inglaterra um comboio turístico, que até já está a fazer testes em Mirandela. Mas a empresa gerida pelo empresário Mário Ferreira ainda não pediu ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) a licença de operador ferroviário.

Fonte oficial daquela entidade disse ao PÚBLICO que “até ao dia de hoje não foi interposto qualquer processo de licenciamento para operador ferroviário no âmbito do referido projecto [turístico do vale do Tua]”. O IMT refere ainda que é da sua competência “emitir um certificado de segurança ao operador ferroviário, que aprova o sistema de gestão de segurança para a operação ferroviária a realizar na linha do Tua, assim como a existência de regras operacionais, material e pessoal habilitado para a realização da mesma”.

O PÚBLICO perguntou à Douro Azul quando espera ter o material circulante homologado e iniciar o serviço turístico na linha do Tua, mas fonte oficial da empresa respondeu que “o Dr. Mário Ferreira não tem comentários a fazer neste momento”.

No entanto, o empresário tem evidenciado nas redes sociais algum desagrado pela burocracia necessária à legalização da operação ferroviária. E tem também publicitado imagens do seu comboio turístico a fazer testes e ensaios, os quais, segundo o PÚBLICO apurou, não têm corrido muito bem porque as carruagens foram compradas sem ter em conta um conjunto de especificidades obrigatórias para a linha onde vai operar.

Por sua parte, o IMT diz que compete a este instituto “a concessão de autorização para a entrada em serviço de veículos ferroviários, a qual depende da demonstração de que os mesmos foram concebidos, construídos e instalados de modo a observarem os requisitos que se lhes apliquem e da sua compatibilidade com a infraestrutura”.

O comboio comprado pela Douro Azul para operar no Tua foi alvo de alguma polémica, em Dezembro de 2016, por parecer um comboio do Texas e nada ter a ver com a memória colectiva da ferrovia portuguesa e nordestina. Na altura, e para se defender das acusações de que se tratava de um comboio parecido com os dos parques de diversões, Mário Ferreira anunciou que iria recuperar a reactivar uma velha locomotiva a vapor da CP “para operar em algumas actividades que reforçam a identidade daquela linha [do Tua]”.

No entanto, o PÚBLICO apurou que o empresário apenas mandou pintar e embelezar essa locomotiva a fim de servir de monumento, não estando prevista que esta venha a circular.

Já este ano, aquando da polémica gerada pela venda para sucata de locomotivas e carruagens históricas da CP, Mário Ferreira anunciou nas redes sociais que iria “tentar salvar algum desse material”. Mas até à data não contactou a CP nesse sentido. E ao PÚBLICO respondeu que não tinha comentários a fazer.