Com as presidenciais no bolso, Sissi faz figas por uma participação relevante
Sem oposição credível ao Presidente, o único ponto de interesse das eleições é saber qual a taxa de participação dos egípcios. Que parece ser reduzida. Resultados oficiais serão conhecidos na segunda-feira.
Depois de três dias de votação, arrancou esta quinta-feira a contagem dos votos que reconduzirão Abdel Fatah al-Sissi para um segundo mandato como Presidente do Egipto. Sem opositores credíveis – o presumido rival Moussa Mostafa Moussa é um apoiante assumido de Sissi e recusou participar em debates, organizar comícios e apelar ao voto, por não querer “desafiar o Presidente” – e com as sondagens a apontarem para uma vitória por percentagens superiores a 90%, o actual detentor do cargo anseia agora por uma taxa de participação minimamente relevante, que ofereça uma maior legitimidade popular à sua reeleição.
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Depois de três dias de votação, arrancou esta quinta-feira a contagem dos votos que reconduzirão Abdel Fatah al-Sissi para um segundo mandato como Presidente do Egipto. Sem opositores credíveis – o presumido rival Moussa Mostafa Moussa é um apoiante assumido de Sissi e recusou participar em debates, organizar comícios e apelar ao voto, por não querer “desafiar o Presidente” – e com as sondagens a apontarem para uma vitória por percentagens superiores a 90%, o actual detentor do cargo anseia agora por uma taxa de participação minimamente relevante, que ofereça uma maior legitimidade popular à sua reeleição.
Nas presidenciais de 2014, Sissi foi eleito com 97% dos votos, mas a participação nesse acto eleitoral ficou bastante aquém das expectativas – apenas 47%. Nesta eleição, numa altura em que estão contabilizados 25 milhões de votos de um total de 60 milhões, e em que se estima um triunfo a rondar os 92%, a redução da abstenção converteu-se no principal objectivo do Presidente e a taxa de participação no único ponto de interesse para a próxima segunda-feira – o dia em que se conhecerão os resultados definitivos.
“Os votos em massa dos egípcios serão certamente a testemunha de que a vontade da nossa nação prevalece firmemente”, escreveu o Presidente na sua página de Facebook, não escondendo a vontade que tem em contar com uma participação elevada.
Os primeiros sinais oriundos da contagem dos boletins não são, no entanto, animadores para Sissi. Duas fontes envolvidas na monitorização da eleição disseram à Reuters que a participação nestas presidenciais pode vir a ser inferior a 40%. Nos primeiros dois dias de voto foi calculada uma participação de 21% e na quarta-feira entre 15% e 20%.
“Num total de 4600 eleitores elegíveis, apenas 1306 vieram votar”, conta à Al-Jazira um funcionário judicial responsável por uma mesa de voto no Cairo, dando voz a relatos semelhantes que tiveram lugar noutros locais da cidade.
Segundo a BBC, estes números levaram a comissão eleitoral egípcia a manter as urnas abertas durante mais uma hora na quarta-feira e a ameaçar aqueles que não votaram com multas de 500 libras egípcias (quase 23 euros). A estas soluções encontradas para angariar votos somam-se ainda relatos de subornos e ameaças várias, levadas a cabo pelas autoridades.
Sissi chegou ao poder em 2013, liderando um golpe de Estado contra Mohamed Morsi, o primeiro Presidente democraticamente eleito no Egipto. Desde essa altura que lidera uma gigantesca vaga de repressão contra opositores, meios de comunicação e vozes incómodas da sociedade civil egípcia e um combate duro aos grupos fundamentalistas islâmicos que operam no país.