Caravana eleitoral de Lula atingida a tiro

Autocarro em que seguia Lula não foi atingido nem há registo de feridos. Incidente ocorreu no Sul do país. Geraldo Alckmin e Temer fizeram declarações dúbias.

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Lula em campanha Ueslei Marcelino/REUTERS

Dois dos três autocarros que compunham a caravana eleitoral do antigo Presidente brasileiro Lula da Silva foram atingidos por tiros nesta terça-feira. A comitiva estava a deixar a cidade de Quedas de Iguaçu, no estado do Paraná, depois de mais um comício de campanha. Porém, o veículo que transportava Lula não foi atingido.

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Dois dos três autocarros que compunham a caravana eleitoral do antigo Presidente brasileiro Lula da Silva foram atingidos por tiros nesta terça-feira. A comitiva estava a deixar a cidade de Quedas de Iguaçu, no estado do Paraná, depois de mais um comício de campanha. Porém, o veículo que transportava Lula não foi atingido.

De acordo com a polícia, três tiros acertaram nos autocarros, que transportavam jornalistas. Não se registaram quaisquer feridos. O incidente ocorreu quando a caravana se encaminhava para a Universidade Federal da Fronteira Sul, em Laranjeiras do Sul.

Esta iniciativa faz parte de uma espécie de digressão eleitoral que o antigo Presidente está a fazer pelo Sul do Brasil. Em algumas zonas, a comitiva de Lula não foi bem recebida, tendo sido impedida de entrar em alguns locais – como aconteceu, por exemplo, na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, na semana passada.

O Presidente brasileiro, Michel Temer, reagiu ao acontecimento, mas usou um termo que causou algum espanto. "É uma pena que isso tenha acontecido", disse Temer. "Vai criando um clima de instabilidade no país, de falta de pacificação, que é indispensável no presente momento", disse, citado pela imprensa brasileira.

Geraldo Alckmin, um dos possíveis pré-candidatos a Presidente, pelo Partido da Social Democracia Brasileira, teve uma reacção inicial pouco apaziguadora. "Acho que estão colhendo o que plantaram. Foi um efeito colateral produzido pelos próprios petistas", afirmou. Mas depois de ter sido alvo de críticas dentro do seu próprio partido, diz a Veja, o governador do estado de São Paulo recuou e fez um post no Twitter afirmando que "toda a violência tem de ser condenada".

Os passageiros dos autocarros atingidos pelos tiros na terça-feira relataram à Globo que, num primeiro momento, pensaram que os veículos tinham sido apedrejados, tal como já tinha acontecido durante esta digressão sulista. Só depois é que o motorista de um dos veículos percebeu que tinham sido atingidos a tiro e que dois dos pneus haviam sido furados com um objecto.

As autoridades estão a tratar do caso como tentativa de homicídio. 

Antes dos disparos, no comício em Quedas de Iguaçu, Lula falou das recepções que enfrentou no Sul. “Nunca tinha assistido a uma selvajaria como agora, de um grupo de pessoas que eu não sei quem são, que nos esperam em cada trevo com paus, pedras e bombas para tentar evitar que a nossa caravana chegue ao lugar em que está marcado”, cita a Globo.

O antigo Presidente brasileiro reagiu no Twitter aos tiros de que a sua caravana foi alvo: “A nossa caravana está a ser perseguida por grupos fascistas. Já atiraram ovos, pedras. Hoje deram até um tiro no ônibus”.

Na segunda-feira, o Tribunal Regional Federal de Porto Alegre rejeitou o recurso da defesa do ex-Presidente, que foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá, cujas obras foram pagas por uma construtora a troco de favorecimento em contratos públicos.

Paralelamente, um pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Lula da Silva está em avaliação no Supremo Tribunal Federal, que vai decidir no dia 4 de Abril. O Supremo adiou a sua decisão para permitir ao tribunal de Porto Alegre pronunciar-se primeiro sobre o recurso.