Urgência do Hospital de Gaia reorganizada até Maio
"O Serviço de Urgência parece um cenário de guerra com macas por todo o corredor", descreveu o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, numa visita ao hospital. A aguardada reorganização vai acontecer até Maio.
O Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) vai sofrer uma reorganização até Maio. Em 60 dias, está também previsto o início da fase B de requalificação das instalações do hospital.
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O Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) vai sofrer uma reorganização até Maio. Em 60 dias, está também previsto o início da fase B de requalificação das instalações do hospital.
Em comunicado conjunto, os responsáveis desta unidade e a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) descrevem os investimentos em curso na unidade hospitalar, cujos directores de serviço ameaçaram na terça-feira demitir-se caso não houvesse uma solução para a situação que o bastonário da Ordem dos Médicos descreveu como "caótica".
Os responsáveis referem que, concluída em 2016 a fase A de um projecto global de obras, segue-se a adjudicação da fase B de requalificação, sendo que esta quarta-feira, esclarece a nota, "foram abertas, pelo júri nomeado para o efeito, as respectivas propostas apresentadas pelos concorrentes, num investimento previsto de 16 milhões de euros". É apontado o prazo de 60 dias para início de obras, enquanto a adjudicação da última fase do projecto, a fase C, no valor de 30 milhões de euros está prevista para o último semestre do ano em curso.
A nota remetida pelo CHVNG/E e pela ARS-Norte refere que "em fase de planeamento, encontra-se o Novo Edifício de Ambulatório, com um valor estimado de oito milhões de euros e, por fim, será realizada a remodelação dos 3 pavilhões da Unidade 1, orçamentada em dois milhões de euros. Paralelamente está em curso a reorganização do Serviço de Urgência, cuja conclusão se prevê até ao final do próximo mês de Maio".
"Relativamente à alocação de novo equipamento, foi recentemente inaugurado uma TAC de terceira geração, no valor de 1,4 milhões de euros, estando também prevista a alocação de 4,8 milhões de euros em diversos equipamentos durante 2018", escrevem ainda os responsáveis.
A administração do hospital Gaia/Espinho e a ARS-Norte falam também num reforço de recursos humanos, apontando que "o CHVNG/E contratou desde 2015 mais 174 profissionais" e que "se encontra actualmente a proceder à contratação de mais 24 médicos de várias especialidades, contando-se ainda que no ano em curso esta contratação possa vir a ser ainda mais alargada a enfermeiros e outros técnicos".
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, disse na terça-feira que todos os directores de serviço deste equipamento hospitalar estão dispostos a demitir-se se "a situação caótica se mantiver". Miguel Guimarães visitou o hospital de Gaia e reuniu-se com os 37 directores de serviços e unidades de gestão integrada para se "inteirar dos problemas existentes" nesta unidade hospitalar.
"[Existem] condições caóticas. O Serviço de Urgência parece um cenário de guerra com macas por todo o corredor. Quase é impossível circular (...). Este hospital está a definhar. As prioridades são a melhoria das infra-estruturas e dotar o hospital com os recursos humanos necessários", afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos, referindo que foi decidido enviar uma carta e solicitar uma reunião "urgente" ao ministro da Saúde.
O bastonário desafiou os ministros da Saúde e das Finanças a visitarem este hospital para perceberem, disse o responsável, que "doentes e profissionais vivem em condições que não lembram a ninguém".
No mesmo dia, em resposta às críticas descritas pela Ordem dos Médicos, o presidente do conselho de administração do CHVNG/E, António Dias Alves, que tomou posse em Abril do ano passado, garantiu que neste hospital se "pratica boa medicina por pessoas que se esforçam" e avançou que vai "ouvir e dialogar com os profissionais". "Vamos ouvi-los, dialogar e perceber as razões em consonância com a tutela porque pretendemos o melhor para o hospital", referiu António Dias Alves.