Identificadas características das células cancerosas que podem ser o seu calcanhar de Aquiles
Identificadas características nas células cancerosas que pode ajudar no combate à doença.
Uma equipa internacional de investigação liderada por Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, identificou características importantes das células cancerosas, que podem ajudar na luta contra o cancro.
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Uma equipa internacional de investigação liderada por Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, identificou características importantes das células cancerosas, que podem ajudar na luta contra o cancro.
Os investigadores descobriram, segundo o estudo publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Communications que na maioria dos subtipos agressivos de cancro ocorre um aumento do número e do tamanho de umas estruturas minúsculas que existem nas células chamadas centríolos.
Num comunicado divulgado pelo IGC explica-se que os centríolos são cerca de cem vezes mais pequenos do que um fio de cabelo e que têm sido considerados o “cérebro” da célula, porque desempenham papéis cruciais na multiplicação, no movimento e comunicação entre células. Desde a sua descoberta, há mais de um século, que se propôs que o aumento anormal no número destas estruturas podia induzir cancro.
A equipa da bióloga Mónica Bettencourt Dias – que é a nova directora do IGC, substituindo este ano o britânico Jonathan Howard – tem investigado a incidência de anomalias nos centríolos em células cancerosas humanas. Para este trabalho, a equipa – que envolveu cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S, no Porto), do Instituto de Medicina Molecular (em Lisboa), do Instituto Português de Oncologia e ainda do Instituto do Cancro Dana-Faber (nos Estados Unidos) – analisou células cancerosas oriundas de nove tecidos diferentes.
“Esses são processos normalmente alterados no cancro e permitem a sobrevivência e multiplicação das células cancerosas”, explica o instituto, acrescentando que o número e tamanho dos centríolos são “altamente controlados” nas células normais. O que os investigadores descobriram foi que nas células cancerosas os centríolos são frequentemente mais longos e em maior número do que nas células normais.
“Mais importante, a equipa observou que o excesso de centríolos é mais prevalente em formas agressivas do cancro da mama, como o triplo negativo e do cólon. Descobriram também que os centríolos mais longos são excessivamente activos, o que perturba a divisão das células e pode levar à formação de cancro”, diz-se no comunicado.
Gaëlle Marteil, a primeira autora do estudo e investigadora do laboratório de Mónica Bettencourt Dias, acrescentou ainda, citada no comunicado: “Os nossos resultados confirmam que uma desregulação no número e tamanho dos centríolos dentro das células está associada a características malignas. Esta descoberta pode ajudar a estabelecer as propriedades dos centríolos como uma forma de classificar tumores de modo a determinar prognósticos e prever o tratamento adequado.”
Continuando esta investigação, a equipa está agora a explorar novos mecanismos e terapêuticas que possam actuar sobre os centríolos no cancro, para que as características das células cancerosas possam ser usadas como o seu calcanhar de Aquiles.