Rui Rio quer estratégia de prevenção de incêndios e promete pressionar Governo

Numa deslocação a Arganil, o líder do PSD reuniu-se com associações de vítimas e com bombeiros.

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Ordenamento do território, fiscalização e protecção civil. Segundo Rui Rio, estes são os pontos que falharam nos incêndios de 2017 e nos quais o Governo devia ter uma estratégia e não tem.

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Ordenamento do território, fiscalização e protecção civil. Segundo Rui Rio, estes são os pontos que falharam nos incêndios de 2017 e nos quais o Governo devia ter uma estratégia e não tem.

O presidente do PSD falava aos jornalistas à porta da Biblioteca Municipal de Arganil, depois de se encontrar com a Associação de Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal, com o Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões e com a Associação de Produtores Florestais do Concelho de Arganil. “Desta reunião, aquilo que ficou mais claro foi o completo falhanço da Protecção Civil durante os incêndios”, afirmou, naquela que foi a primeira saída para o terreno desde que tomou posse como líder do partido.

Mas a Protecção Civil é apenas um dos pontos que realça. “Ordenamento não temos, fiscalização é fraquíssima e a protecção civil falhou redondamente”. Rio entende que o Governo “tem de ter” uma estratégia para cada uma destas questões. Com a deslocação a Arganil, um dos concelhos afectados pelos incêndios de Outubro de 2017, o líder do PSD quis “compreender melhor aquilo que pode estar escrito no relatório” que foi apresentado na semana passada.

E as falhas apontadas no documento podem atribuídas exclusivamente ao executivo de António Costa? “Não podemos dizer que a responsabilidade foi só naquele dia, naquele momento e naquele Governo que estava”. No entanto, o presidente do PSD atribui a culpa a quem tutela a Protecção Civil e a “quem alterou” os seus quadros “quando tomou posse”. Acrescenta: “isso em nada contribuiu para maior eficácia, antes pelo contrário”.

De visita à zona Centro do país, Rio concluiu também que os sistemas de apoio também não estão a ser eficazes. “O apoio às vítimas não tem estado a correr da forma que devia” e é preciso “eliminar a burocracia que está a entravar o apoio”. Há também casos de “pessoas com bastantes dificuldades económicas” e “empresários que não conseguem recuperar minimamente a sua actividade”.

A dificuldade em voltar a laborar leva a “uma bola de neve no sentido contrário numa região sensível, sublinha o líder social-democrata. A economia destes concelhos enquadra-se numa “zona muito muito desertificada do interior, já débil”.

Fazer o que a oposição pode fazer

Fechado o encontro na biblioteca municipal, Rui Rio deslocou-se a pé até o quartel dos Bombeiros Voluntários de Arganil (BVA). A acompanhar o líder do PSD seguiu o autarca do concelho Luís Paulo Costa (PSD) e uma delegação de deputados do PSD com Fernando Negrão, o líder do grupo parlamentar, à cabeça.

Já no salão dos bombeiros, Rio ouviu do comandante dos BVA, Nuno Costa, o pedido para que fizesse pressão “junto do poder central” para aumentar os apoios sociais aos voluntários, reequipar as corporações e profissionalizar os bombeiros. Nuno Costa falou sobre a dificuldade em angariar voluntários e sobre os poucos meios ao dispor. “Estivemos sozinhos, com nove veículos, no dia 15 de Outubro”, sendo que uma das viaturas conta já com 50 anos, aponta.

O comandante entende também que “a única resposta cabal” a dar às populações para que estas se sintam mais seguras é a profissionalização dos bombeiros. Mas o mesmo não significa acabar com os voluntários. A resposta de Rio foi ao encontro das preocupações do responsável. “Nunca consegui entender como o grosso dos bombeiros portugueses são voluntários”, afirmou, referindo também que entende que o país deve ter “um corpo profissional apoiado por voluntários”.

O líder laranja lembrou também que, dado o papel de oposição a que está remetido, não lhe compete o papel de “fazer”, mas sim de “fazer tudo por tudo para que o país faça”. Assim, deixou a garantia de contribuir para “fazer a pressão adequada sobre as entidades responsáveis”. Antes, questionado pelos jornalistas, Rio especificava que a pressão seria feita “no Parlamento e em visita ao terreno”. Afinal, é “aquilo que um partido da oposição pode fazer”.