Prevenir para depois não ter de ajudar a sarar as feridas

Vieira da Silva andou numa acção de limpeza em Entre-os-Rios. Ministro defende que é preciso mobilizar a população para evitar catástrofes como as do ano passado.

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Esta é a equipa que entra em acção quando tudo falha. Andaram no terreno a dar apoio social durante os incêndios do ano passado e isso ficou-lhes na memória. “Temos noção dos danos que os incêndios têm causado”, diz o ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, ainda a respirar fundo depois de ter andado uns minutos a experimentar o trabalho pesado com uma moto-roçadora.

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Esta é a equipa que entra em acção quando tudo falha. Andaram no terreno a dar apoio social durante os incêndios do ano passado e isso ficou-lhes na memória. “Temos noção dos danos que os incêndios têm causado”, diz o ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, ainda a respirar fundo depois de ter andado uns minutos a experimentar o trabalho pesado com uma moto-roçadora.

“É um trabalho difícil”, diz. Mais difícil se tornou por ser uma limpeza em “larga escala” de terrenos e matos quando deveria ser um trabalho “recorrente”. O Governo quer mostrar que está a “fazer tudo por tudo” para que sejam mitigados os efeitos dos incêndios no verão que se aproxima. Foi este o lema que esteve na base de uma campanha de sensibilização – que Rui Rio apelidou de “acção de marketing” - que mobilizou os ministros em vários pontos do país.

Vieira da Silva quis dar o exemplo nas entidades que tutela. A INATEL teve três unidades hoteleiras que no ano passado sofreram com os incêndios e tem várias propriedades florestais ou perto de zonas florestais a necessitarem de limpeza. Neste dia que o Governo dedicou a passar a mensagem que é preciso não só os privados como as entidades públicas fazerem a limpeza para reduzir o material combustível, levou os seus secretários de estado e membros de gabinete até Entre-os-Rios, um sítio, também ele marcado por uma das maiores tragédias do país em democracia. O ano passado, os incêndios andaram perto, mas não atingiram o coração desta localidade, mas é uma zona de risco de incêndios para este ano com grandes manchas de eucaliptos e pinheiros.

É o caso de um terreno da INATEL de 27 hectares. Abater eucaliptos ao pé da estrada e das casas, cortar e limpar as silvas é trabalho para mais de um mês e foi o local escolhido pelo Ministério para mostrar o que está a ser feito pelas várias entidades que tutela – também o Instituto de Segurança Social e o Instituto de Emprego e Formação Profissional têm propriedades com estas características. O governante diz que fazem esta limpeza todos os anos, mas este ano é especial “pela pressão” e também porque as “mudanças na lei” tornam esta limpeza mais premente.

“Na área que sou responsável temos muitas instituições que são responsáveis por propriedades com proximidade florestal e pelas informações que tenho, a generalidade delas vão ficar com a limpeza concluída até 31 de Março. É uma garantia que pelo menos nestes espaços que são de responsabilidade pública, acrescida, haverá um contributo positivo para minimizar os riscos deste drama tão intenso”, disse o ministro a justificar a acção. “O mais importante é participar neste esforço que é um esforço nacional. Temos todos a noção da riqueza da floresta em Portugal e os danos que os incêndios têm causado. É extremamente importante que haja uma grande mobilização nacional de todas as áreas da nossa sociedade e é isso que estamos a fazer”, acrescentou.

O Ministério da Segurança Social teve de pôr em marcha no ano passado uma série de apoios extraordinários para ajudar a população afectada pelos incêndios. Cláudia Joaquim, a secretária de Estado da Segurança Social, esteve presente no teatro de operações nos incêndios mais graves a coordenar as ajudas de emergência e não quer repetir a experiência. Esta iniciativa serve para “mostrar que estamos a fazer tudo com o intuito de melhorar as condições para não termos uma catástrofe como no ano passado”, disse Cláudia Joaquim, que não quis ficar atrás nem do ministro nem do colega secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, e experimentou a moto-roçadora a cortar o mato. “É viciante”, concordaram os dois ajudantes do ministro, depois de experimentarem por alguns minutos aquele trabalho pesado.

O trabalho no campo é uma experiência para a maior parte da equipa que é sobretudo urbana. “Acha que sim?”, responde o ministro quando lhe perguntam se alguma vez tinha transplantado árvores – essa foi uma das iniciativas, a transplantação de árvores para serem depois plantadas no Outono. Já o secretário de Estado, algarvio, lembra-se de ter carregado muita alfarroba.

Agora, carregam com o trabalho de convencer a concertação social a apoiar as novas alterações à legislação laboral que ainda há horas discutiam com os parceiros. Afinal, é mais difícil a concertação social do que limpar terrenos? A resposta sai em uníssono do ministro e do secretário de Estado: “Tem dias”.