Maioria no Parlamento catalão lamenta detenções de políticos
Justiça finlandesa recebe ordem de detenção e captura contra Carles Puigdemont, mas ex-líder da Generalitat já terá regressado a Bruxelas.
Em vez do plenário de investidura previsto realizaram-se duas sessões no Parlamento catalão: primeiro, no hemiciclo, houve um debate marcado pela comoção dos independentistas, que na véspera viram mais cinco dirigentes ficarem em prisão preventiva, e pelo abandono dos quatro deputados do PP, em protesto contra “a fraude” de ali estar na ausência do candidato à presidência. Seguiu-se uma sessão aberta no auditório, com o presidente da assembleia autonómica a pedir a criação de uma “frente comum em defesa da democracia e dos direitos fundamentais”.
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Em vez do plenário de investidura previsto realizaram-se duas sessões no Parlamento catalão: primeiro, no hemiciclo, houve um debate marcado pela comoção dos independentistas, que na véspera viram mais cinco dirigentes ficarem em prisão preventiva, e pelo abandono dos quatro deputados do PP, em protesto contra “a fraude” de ali estar na ausência do candidato à presidência. Seguiu-se uma sessão aberta no auditório, com o presidente da assembleia autonómica a pedir a criação de uma “frente comum em defesa da democracia e dos direitos fundamentais”.
Jordi Turull, que quinta-feira fracassou na primeira tentativa de ser investido, foi entretanto pronunciado por rebelião no Tribunal Supremo e ficou em prisão preventiva sem possibilidade de fiança. O mesmo aconteceu com Carme Forcadell, Raül Romeva, Josep Rull e Dolors Bassa – e teria sucedido a Marta Rovira, secretária-geral da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) que, como outros antes dela, optou por sair do país e assim evitar a detenção.
Roger Torrent, líder do Parlament, explicou a decisão de manter o debate com a “excepcionalidade” do momento político e a necessidade de ouvir os partidos.
Todos, com excepção do PP, aceitaram o repto e os independentistas ouviram palavras de revolta e indignação do líder dos Comuns (aliança do Podemos com o movimento de Ada Colau), Xavier Domènech, que na quinta-feira tinha sido muito duro com os líderes do processo soberanista, e palavras de “empatia” do líder socialista, Miquel Iceta, que considera “desproporcionadas” as medidas de caução decretadas pelo juiz Pablo Llarena. Inés Arrimadas, líder dos Cidadãos, fez, como esperado, uma intervenção mais dura, lembrando “os sentimentos dos catalães tristes pelo conflito social gerado por uns políticos”.
Depois das palavras de simpatia, Iceta lembrou a oferta de “diálogo” feita dois dias antes por Turull, afirmando que é preciso “querer esse diálogo de verdade”. “Para que os juízes não mandem é preciso haver governo”, avisou, pedindo à maioria independentista que “ponha a política em primeiro lugar” e abandone “o refúgio dos blocos”.
Domènech, que votou contra Turull no debate de investidura, voltou desta vez a criticar a repressão policial do referendo ilegal sobre a independência de 1 de Outubro e acusou o juiz Llarena de “julgar vontades, ideias e não factos”. Numa lógica de “vencedores e vencidos”, recordou todos os “injustamente encarcerados” e pediu, como Torrent, que se crie “uma frente democrática”, ampla e transversal, que vá, no mínimo, dos independentistas “da CUP ao PSC” de Iceta.
Os porta-vozes da ERC, Sergi Sabrià, e da Juntos pela Catalunha (a coligação criada por Puigdemont para as eleições de Dezembro), Elsa Artadi, não puderam conter as lágrimas, e as bancadas independentistas e dos Comuns aplaudiram os familiares de alguns detidos, presentes nas galerias.
Para além de pronunciar 13 dirigentes por rebelião e ordenar prisão preventiva para outros cinco, Llarena reactivou as ordens de detenção contra Puigdemont e os outros cinco dirigentes que estão em países europeus. O ex-president estava em Helsínquia desde quinta-feira, mas terá regressado ainda na noite de sexta a Bruxelas.
O Governo da Suíça, por seu turno, repetiu que a confederação não responde a pedidos de extradição por “delitos políticos”, mas diz que vai analisar a ordem internacional para deter Rovira, que chegou entretanto ao país, como já fizera no caso da ex-deputada da CUP, Anna Gabriel.