Trump anuncia novas taxas sobre importações da China

Ambiente de guerra comercial entre EUA e China pode agravar-se, com Pequim a avisar que está preparado para retaliar.

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Conflito comercial entre EUA e China pode agravar-se Reuters/DAMIR SAGOLJ

Depois de abandonarem o acordo de comércio livre no Pacífico no ano passado e de subirem as taxas sobre a importação de aço e alumínio no início deste mês, os Estados Unidos deram esta quinta-feira mais um grande passo na sua estratégia comercial de confronto com os países com quem tem défices externos elevados, com o anúncio de agravamento de taxas de vários produtos provenientes da China. A medida tem o potencial para agravar significativamente o ambiente de guerra comercial entre duas das maiores potências económicas do planeta.

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Depois de abandonarem o acordo de comércio livre no Pacífico no ano passado e de subirem as taxas sobre a importação de aço e alumínio no início deste mês, os Estados Unidos deram esta quinta-feira mais um grande passo na sua estratégia comercial de confronto com os países com quem tem défices externos elevados, com o anúncio de agravamento de taxas de vários produtos provenientes da China. A medida tem o potencial para agravar significativamente o ambiente de guerra comercial entre duas das maiores potências económicas do planeta.

Em declarações feitas antes da assinatura da ordem presidencial, Donald Trump anunciou a subida das taxas aplicadas a importações com origem na China, estimando que tal poderá reduzir o défice comercial dos Estados Unidos em relação ao gigante asiático em 50 mil milhões de dólares (cerca de 40 mil milhões de euros ao câmbio actual). Ainda não foram especificados quais os produtos visados, embora seja provável que os produtos tecnológicos estejam incluídos. O argumento usado para justificar a aplicação desta medida é o de retaliação contra as práticas da China em matéria de protecção da propriedade intelectual. Os EUA acusam Pequim de não proteger os direitos das empresas norte-americanas nesta matéria e de, pelo contrário, permitirem que as empresas chinesas obtenham vantagens comerciais indevidas.

Em diversas ocasiões, responsáveis da Administração Trump têm vindo a defender a necessidade de se tomarem medidas visando uma redução significativa do excedente comercial de cerca de 375 mil milhões de dólares que a China actualmente regista face aos EUA. Agora, essas intenções passaram à prática.

Com esta medida, Donald Trump centra a sua estratégia de confronto a nível comercial na China, algo que não tinha acontecido quando, no início deste mês, anunciou um agravamento das taxas sobre as importações norte-americanas de aço e o alumínio. Nesse caso, a Casa Branca optou inicialmente por não distinguir países, e a China, que é apenas responsável por cerca de 2% do aço e alumínio comprado pelos EUA ao estrangeiro, acabava por não estar entre os países mais prejudicados. Canadá, México e União Europeia tinham, da forma como foi apresentada inicialmente essa medida, mais a perder.

Agora, parece cada vez mais evidente que Trump vai centrar a sua política comercial nas relações EUA/China. É que, para além das novas taxas anunciadas esta quinta-feira para diversas importações chinesas, a Casa Branca anunciou igualmente, através do seu principal representante para as negociações comerciais, que irá isentar, não só os seus parceiros da NAFTA (México e Canadá), mas também a União Europeia, Brasil, Argentina, Austrália e Coreia do Sul do agravamento de taxas sobre os produtos metálicos. Dessa forma, essa medida torna-se também na prática num ataque direccionado à China, que diversas vezes é acusada de ser a responsável pelo excesso de oferta de aço e alumínio que se regista no mercado internacional.

Do lado chinês, já se começaram a ouvir - ainda antes do anúncio oficial da Casa Branca - reacções pouco positivas. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que, caso os EUA avançassem com este tipo de acção, a China iria "adoptar todas as medidas legais necessárias para proteger os seus interesses”.

E Donald Trump fez muito pouco para tentar evitar que a nova medida possa resultar numa escalada do conflito. No momento em que assinou a ordem legislativa disse: "Esta é a primeira [medida], mas é a primeira de muitas".